O funk tem dia e hora certa para invadir o pátio e tirar alunos das salas de aula da escola estadual Maria Galante Nora, no bairro Cecap, em Rio Preto. O batidão começa às 20h30 e vai até a meia-noite toda segunda sexta-feira do mês.
No dia da festa, as aulas são canceladas. Mas só na prática. “Apesar de não ter, contamos como dia letivo”, admite a diretora Maria Machado de Almeida. “A escola deve proporcionar lazer a seus alunos”, justifica-se.
As festas, realizadas desde o início do ano, despertaram a atenção do pastor Afonso Martins Fernandes Neto, principalmente a trilha sonora, embalada por músicas como “Deixa Acontecer” e “Cala boca e me beija”.
Promovidas pela direção da escola, adolescentes a partir de 12 anos podem participar. O aval é dado inclusive pela Vara da Infância e Juventude de Rio Preto.
“Os pais permitem que os filhos venham às festas porque acontecem na escola, mas muitos não sabem os nomes e muito menos conhecem as músicas que tocam”, diz o pastor. “Vamos organizar um abaixo-assinado.”
A dona-de-casa Cícera Maria Dantas Vargas, 41 anos, chegou a levar o filho de 11 anos até a porta da escola, mas ao ouvir as músicas o proibiu de entrar.
“São músicas que induzem à violência e falam em beijos e outras coisas”, diz Cícera. “Não sou contra a festa, mas contra a maneira como está sendo feita.”
O baile funk não é exclusividade dos alunos da escola Maria Galante Nora. Outros estabelecimentos de ensino público promovem a festa como forma de arrecadar dinheiro. No último dia 17, o evento aconteceu na escola Yvete Gabriel Atique.
Cada baile rende cerca de R$ 1,2 mil a escola. O dinheiro, segundo a diretora, é investido em obras. “Aumentamos o muro porque traficantes entravam aqui”, diz Maria Dantas.
A diretora afirma que a verba de R$ 3 mil enviada pela Secretaria de Estado de Educação é insuficiente.
Escolas terão de repor aulas
Escolas estaduais de Rio Preto que interromperam aulas para realizar bailes funk terão que repor os dias dedicados às festas.
A informação foi divulgada ontem pela Diretoria de Ensino de Rio Preto ao BOM DIA.
Em nota, a dirigente de Rio Preto, Maria Silvia Nakaoski, afirma que a direção das escolas Yvete Gabriel Atique e Maria Galante Nora foram notificadas sobre a necessidade de reposição das aulas perdidas. De acordo com a diretora de Ensino, eventos promovidos pela direção da escola ou pela APM (Associação de Pais e Mestres) são permitidos, desde que não interfiram no calendário escolar.
Fica a cargo da direção da Galante Nora e Yvete Atique definir os dias de reposição das aulas perdidas.
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