A história que você vai ler a seguir baseia-se em fatos reais da vida de Leila, uma cristã vietnamita que, depois de participar de um treinamento para mulheres da Portas Abertas, descobriu em Deus o sentido de sua vida e hoje participa ativamente do ministério na igreja em que seu marido é pastor. O texto foi escrito por Cassia Carrenho e homenageia as mulheres cristãs de todas as partes do mundo.
O lugar preferido de Leila era uma montanha atrás da sua casa. Todos os dias, depois que seu marido saía para visitar alguns cristãos, ela corria para lá. Com algum esforço, chegava ao topo da montanha e avistava todo o seu vilarejo. Ficava ali horas, já que seu marido era um pastor e passava quase que o dia todo longe de casa.
Leila sentia-se sozinha e inútil. E ao mesmo tempo sentia-se culpada por sentir-se assim.
Como a maioria das mulheres vietnamitas, ela tinha sido criada para servir o marido e criar os filhos, mesmo tendo nascido em um lar cristão.
Durante sua vida, Leila teve seus sonhos podados pela família e pela sociedade. Queria estudar, mas precisava ajudar a mãe em casa. Queria ter um bom emprego, mas sendo cristã isso não aconteceria.
Desde pequena, Leila revelara-se uma bela menina, e com o tempo sua beleza só foi realçada. Suas amigas queriam ser como ela, e ironicamente, Leila não gostava de si mesma.
Quando Leila se casou, ela acreditou que sua vida mudaria. Seu marido era um homem cristão, dedicado a Deus, e a amava muito. Eles tinham uma vida simples, mas nunca passaram fome ou alguma necessidade. Leila agradecia a Deus por sua fidelidade e amor e tentava retribuir deixando a casa deles sempre acolhedora.
Eles também sonhavam com filhos. Mas Leila sentia-se tão sozinha que temia ter que ficar o tempo todo com um bebezinho. Quando se casou, foi morar longe de seus pais no vilarejo onde seu marido era pastor, e não conhecia muitas pessoas. Mas sabia que sua obrigação era dar filhos.
Passados dois anos, Leila não engravidava. A culpa aumentava. A cobrança da família também. E o medo de ser rejeitada pelo marido passou a ser presente.
Foi nessa época que Leila descobriu "sua montanha". Subia ali e ficava pensando na vida, às vezes orava, mas na maioria das vezes chorava muito.
Ela também não conseguia falar para o seu marido o quanto se sentia sozinha e que gostaria de ficar mais tempo com ele. Ela sempre pensava que já vivia tão sozinha que, se seu marido fosse preso por causa do seu trabalho como pastor, não seria muito diferente.
Um dia seu marido chegou com uma notícia que a princípio não entusiasmou Leila, mas que seria um marco em sua vida: um treinamento para mulheres de pastores.
Leila achou que já havia ouvido o suficiente sobre como ser uma boa esposa, mas, para agradar o marido, aceitou.
Ao entrar na sala de aula, lembrou-se de que sempre sonhou em estudar mais, e ao sentar na cadeira, seus olhos encheram-se de lágrimas. Olhou ao redor e viu uma dezena de rostos que demonstravam o mesmo cansaço e tristeza dela. Pela primeira vez, percebeu que não estava sozinha.
A professora entrou, e o fato de ser uma mulher alegrou muito Leila. Quando a mulher começou a explicar o treinamento, Leila não conseguia acreditar. Parecia que ela sabia exatamente como Leila se sentia. O treinamento não falava apenas em como ser uma boa esposa, servindo o marido e cuidando dos filhos, mas também de como cada uma delas era importante no ministério do marido, como deveriam se cuidar fisicamente, e como Deus as amava imensamente.
Leila não perdeu uma aula, e, aos poucos, a esperança foi tomando o lugar da tristeza e da solidão. Lá ela também aprendeu muito sobre a Bíblia e uma das primeiras coisas que passou a fazer foi ler a palavra de Deus todos os dias na companhia de seu marido.
Aos poucos Leila aprendeu a dizer o quanto sentia-se sozinha e seu marido passou a levá-la nas visitas que fazia. Enquanto o marido fala com os homens, Leila reúne-se com as mulheres para estudarem a Bíblia.
Leila aprendeu tanto, que, ao final do treinamento, foi convidada para ser uma das auxiliares do curso.
Leila até aprendeu a dar valor a sua beleza. Hoje ela é muito mais bonita do que quando era mais jovem.
Ela não tem filhos, e sem dúvida essa é sua grande tristeza. Mas, quando a tristeza é muito grande, ela sabe que pode contar com seu marido, suas amigas e com seu Pai Celestial.
Ela ainda sobe sua montanha pelo menos duas vezes por semana, mas agora as lágrimas que derrama ali são pela salvação dos vietnamitas e pelas mulheres que precisam encontrar a liberdade em Jesus Cristo.
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