Depois de semanas de negociações entre o governo do Egito e representantes cristãos, o parlamento aprovou nesta terça-feira (30) uma nova lei que permite a construção de igrejas no país.

Segundo o comitê conjunto de assuntos constitucionais e legislativos, a nova lei "confirma e organiza o direito dos cidadãos cristãos egípcios a construir e restaurar as igrejas para garantir sua liberdade de celebrar todos os ritos religiosos".

Os edifício construídos devem cumprir as normas ordinárias para "a defesa do Estado", embora o texto legislativo não especifique quais.

Além disso, o texto prevê que as igrejas poderão ter cruzes no alto do edifício — assunto que gerou controvérsia depois que alguns parlamentares disseram que este símbolo não era necessário.

Na quarta-feira passada (24), a Igreja Copta do Egito (cristã ortodoxa e majoritária no país) anunciou que tinha chegado a uma "fórmula de entendimento" com o parlamento e representantes do governo em relação à lei, depois que se queixou pelas mudanças introduzidas na minuta por parte da Câmara.

Ishaq Ibrahim, responsável pelo programa de ‘Liberdade de Religião e Crença’ da ONG ‘Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais’, disse à Agência Efe que a nova lei não evita que as forças de segurança proíbam ou detenham a construção de um templo cristão.

Ele observa que, segundo o anexo da lei, o governador é o encarregado de outorgar as permissões de construção em cada província egípcia com base em "preservar a segurança", razão pela qual os órgãos de segurança seguem "controlando" este assunto.

"É uma lei sectária. Construir uma igreja deveria ser tão normal como construir uma mesquita", considerou Ibrahim.

No Egito existem pelo menos 5 mil igrejas para os cristãos coptas, que representam 12% da população. Ainda assim, Ibrahim revela que milhares de localidades precisam de um templo.

A construção de igrejas tem sido uma questão polêmica há décadas no Egito e tem provocado diversos conflitos religiosos — a maioria envolvendo muçulmanos que atacaram os cristãos enquanto trabalhavam na edificação de templos.