Um homem foi morto a facada e outro ficou ferido em um confronto entre evangélicos e membros de uma religião afro, ainda não identificada pela polícia de Sapucaia do Sul. O motivo da briga teria sido desavenças religiosas.
– Só uma palavra explica a situação: intolerância – afirmou o investigador da 2ª DP, Ricardo Silva.
O crime ocorreu na madrugada de ontem, em um tradicional retiro espiritual de evangélicos na área rural de Sapucaia.
Pouco depois da meia-noite, Nilton Rodrigues, 34 anos, e João Carlos de Oliveira, 47 anos, membros da igreja Deus é Amor, caminhavam na Avenida Teodomiro Porto da Fonseca rumo ao Morro Sapucaia. O local é escolhido por fiéis para orações e retiros espirituais.
Pelo menos outros dez integrantes da igreja já estavam no morro e os aguardavam para um evento. No caminho, eles teriam cruzado com dois casais e um homem, que seriam de religiões afro.
Conforme apurou a investigação, os evangélicos teriam repreendido o quinteto, alegando que ali não era local para aquele tipo de manifestação.
Houve uma discussão e luta corporal. Durante o confronto, um dos homens da religião afro puxou uma faca.
Ele atingiu o pescoço de Nilton. João, golpeado três vezes na barriga, conseguiu fugir – os outros evangélicos que estavam perto também correram. Nilton morreu no local, antes da chegada da Brigada Militar.
O Morro Sapucaia é tido por religiosos da região de Sapucaia do Sul como místico. O local é usado por diversas religiões para eventos como retiros espirituais, celebrações e, até, para oferendas.
O local é um descampado, sem nenhuma iluminação, no final da Avenida Teodomiro Porto da Fonseca, na área rural do município.
Uma testemunha acionou o 190 da Brigada Militar e, quando os PMs chegaram, João foi encaminhado ao Hospital Getúlio Vargas, onde seguia internado até a noite de ontem.
O quinteto fugiu em um Palio cinza.
– É uma questão de tempo até identificarmos. Uma testemunha nos indicou o local do fato, e estamos procurando indícios que nos levem aos autores – continuou Ricardo Silva.
Em e-mail, o presidente da Federação Afro Umbandista e Espiritualista do Rio Grande do Sul, Everton Afonsin, se disse chocado com o crime.
– Até quando teremos de discutir qual Deus é mais poderoso? Tirar a vida de uma pessoa em nome de uma religião é coisa de Deus? – indagou.
O Diário tentou falar com representantes da Deus é Amor, mas não conseguiu. Um pastor, identificado como Josué, chegou a atender a ligação, via celular, mas desligou e não atendeu mais.
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