Representantes de várias religiões e, também, ateus, participaram nesta segunda-feira, 21, de uma cerimônia no Ministério da Justiça em comemoração ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Líderes das comunidades islâmica e católica e de religiões africanas e indígenas destacaram, na cerimônia, a importância do diálogo entre as religiões para a busca da paz entre os povos.
A data foi oficializada pela Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e está sendo comemorada pela primeira vez. O projeto de lei para a criação do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é de autoria do deputado Daniel de Almeida (PCdoB-BA).
Embora muitos digam que no Brasil não existe esse tipo de intolerância, alguns líderes religiosos afirmam que existe intolerância em vários setores da sociedade. “É um mito [dizer] que não há discriminação e intolerância no Brasil. Essa intolerância se inicia na própria família e perpassa todo o dia-a-dia, chegando ao campo profissional. É necessário conhecer, respeitar e dialogar”, afirmou o secretário-executivo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), reverendo Luiz Alberto Barbosa.
Na opinião de Barbosa, a data é importante para estimular a sociedade a discutir o assunto e para trazer novos instrumentos de inclusão do tema na agenda do governo. “Hoje marca o início de uma nova etapa que é de aprofundar o diálogo e construir mecanismos dentro do governo e espaços em que essas religiões todas possam ter acesso. É um passo adiante, mas que já vem de uma longa caminhada”, afirmou o reverendo.
Segundo o subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, a criação da lei e a data da comemoração foram motivadas por um episódio ocorrido na Bahia. Em 21 de janeiro de 2000, uma mãe de santo faleceu, após ser vítima de atos violentos praticados por fanáticos.
A subsecretária de Políticas para Comunidades Tradicionais, Givânia Maria da Silva, ressaltou a importância do estado reconhecer e valorizar a legitimidade das diversas crenças. “O estado, sendo laico, não pode optar por uma religião, mas tem a obrigação de proteger essas manifestações”, afirmou.
O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa vai ser comemorado também em Salvador, com um evento às 18h30, no Teatro Castro Alves, com a apresentação de diversas formas de expressão cultural e religiosa, visando mostrar a importância de um comportamento tolerante.
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