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Dez fatos sobre a perseguição que foram notícia em 2005

A agência de notícia Compass Direct fez um resumo das principais notícias relacionadas à perseguição religiosa em 2005. Confira os fatos:

1 - Situação dramática na Eritréia

A Eritréia aumentou dramaticamente as prisões e torturas a cristãos, mesmo tendo sido designada  como um país de preocupação específica (CPC) pelo departamento de Estado dos Estados Unidos pelo segundo ano consecutivo. Até outubro o número confirmado de cristãos eritreus presos por suas crenças religiosas havia chegado a um total de 1.778, aproximadamente o dobro do documentado em abril. Pelo menos 26 pastores protestantes e clérigos ortodoxos, com ministério em tempo integral, foram presos e suas contas bancárias pessoais bloqueadas pelo governo, gerando severo sofrimento aos familiares. O regime do presidente Isaias Afwerki despojou o patriarca ortodoxo da Eritréia Abune Antonios de sua autoridade eclesiástica em 7 de agosto, e o único pastor anglicano do país, o reverendo Nelson Fernandez, foi abruptamente ordenado a deixar o país no início de outubro. Desde maio de 2002, o governo da Eritréia  proibiu todas as reuniões de adoração dos cristãos, exceto as das igrejas oficiais - Ortodoxa, Católica e Luterana Evangélica - mas o regime passou a prender e molestar líderes chave até das igrejas legalmente reconhecidas neste ano. Em 23 de setembro, a Eritréia, que ocupa o 16º lugar na lista de classificação dos países por perseguição, se tornou a primeira nação a ser sancionada pelo departamento de Estado dos Estados Unidos pelo Ato de Liberdade Religiosa de 1998, por falhar em agir contra a severa violação à liberdade religiosa.

A Portas Abertas iniciou este ano uma campanha de cartas às autoridades eritréias em nome dos cristãos presos. Clique aqui para saber mais.

 
2 - Falsas promessas no Vietnã

A histórica visita do primeiro-ministro do Vietnã Phan Van Khai aos Estados Unidos em junho, e o igualmente histórico (e secreto) acordo dos direitos humanos entre os dois países em maio, e uma supostamente menos restritiva legislação religiosa introduzida em novembro de 2004 foram manchetes, mas não tiveram efeito nenhum nos altos níveis da contínua perseguição aos cristãos. A Igreja Menonita continuou a enfrentar o tipo de agressão documentado pelo missionário Truong Tri Hien, que submeteu um testemunho ao Congresso dos Estados Unidos em 20 de junho, mostrando como os oficiais locais tiravam proveito dos poderes administrativos para molestar a denominação. O reverendo Nguyen Hong Quang, um pastor menonita preso devido a uma ofensa que negou ter cometido, foi liberto da prisão em 30 de agosto como parte da anistia do Dia Nacional do Vietnã, após suportar mais de um ano em severas condições e pressões para renunciar à sua fé.  Enquanto estava na prisão, as autoridades demoliram parte do seu centro menonita e de sua casa em uma disputa a respeito da permissão para construção. Todas as tentativas da Igreja Menonita para buscar orientações sobre como realizar o registro, incluindo apelos ao primeiro-ministro, não foram respondidas.  Típico da perseguição em qualquer lugar, autoridades na província de Quang Ngai incitaram uma multidão a queimar a casa do evangelista  Dinh Van Hoang, em 21 de agosto, por ele não ter assinado um papel negando sua fé cristã. De maneira semelhante, em 26 e 31 de julho, autoridades da mesma província destruíram as casas de 10 famílias da etnia Hre por eles não terem renunciado a Cristo. Compreensivelmente, líderes de igrejas domésticas permaneceram duvidosos das supostas leis religiosas liberalizadas, convidando igrejas não-oficiais a se registrarem. Apesar da agitação da atividade oficial, o Vietnã continua na lista do departamento do Estado dos Estados Unidos como um dos piores violadores da liberdade religiosa do mundo em 2005, ocupando o 3º lugar.

 
3 - Perseguição patrocinada pelo Estado no Irã

No Irã, em 28 de maio, uma corte Islâmica absolveu o pastor Hamid Pourmand acusado de apostasia e proselitismo, embora ele continue a cumprir sua sentença de três anos na cadeia por "enganar as forças armadas iranianas", não confessando sua conversão ao cristianismo. Apesar de claras evidências contrárias, um tribunal militar jugou-o culpado, e, ele foi dispensado com desonra e condenado à pena máxima de três anos. Mesmo não sofrendo maus-tratos físicos desde seu veredicto de apostasia, o pastor de 48 anos tem sido submetido a repetitivas pressões para abandonar sua fé cristã e retornar ao islamismo.  Perseguições como essas, patrocinadas pelo governo, tendem a preparar o caminho para a vigilante "polícia religiosa" e para atos de violência entre extremistas muçulmanos; em 22 de novembro, um iraniano convertido ao cristianismo foi seqüestrado de sua casa em Gonbad-e-Kavus e espancado até a morte. Seu corpo ensangüentado foi jogado em frente à sua casa algumas horas após o seqüestro. A morte de Ghorban Dordi Tourani, 53 anos, de descendência turcomana, pastor de uma igreja doméstica, aconteceu apenas alguns dias depois que o novo presidente linha dura Mahmoud Ahmadinejad afirmou em um encontro dos governantes de 30 províncias que o governo precisava colocar um ponto final ao rápido crescimento das igrejas domésticas em todo o Irã. "Eu vou parar o cristianismo neste país", jurou Ahmadinejad. Antes do final de novembro, representantes do Ministério de Inteligência e Segurança haviam prendido e torturado severamente 10 outros cristãos em diferentes cidades, incluindo Teerã. O Irã ocupa a 5ª posição na classificação dos países por perseguição.

  
4 - Vasta destruição no Paquistão

No Paquistão, o 13º colocado na classificação de países por perseguição, aproximadamente 2.000 muçulmanos armados com bastões de ferro, machados e latas de querosene saquearam e devastaram quatro igrejas, um convento, uma escola missionária e algumas casas de cristãos em Sangla Hill, em 12 de novembro. O incidente ocorreu depois que um exemplar do Alcorão foi queimado, o que levou a mesquita local a apelar aos muçulmanos que "ensinassem aos cristãos uma lição". No dia anterior, o cristão católico Yousaf Masih estava apostando com seu amigo muçulmano Saleem Sunihara, próximo ao estádio de esportes Sangla Hill. Para evitar pagar uma grande dívida de aposta, o muçulmano colocou fogo em velhas páginas do Alcorão que era mantido próximo ao estoque e colocou a culpa em Masih. Testemunhas disseram a uma junta de investigação de Campanha do Jubileu e do Centro de Cuidados Legais de Assistência e Assentamento (CLASS) em Lahore que viram Sunihara jogar um fósforo aceso no quarto. Vários ônibus lotados de muçulmanos chegaram à Sangla Hill para se juntarem à multidão na manhã de 12 de novembro, e centenas de famílias cristãs, a maioria de lavradores pobres e operários, fugiram do local durante e após o ataque. A polícia não apenas falhou em proteger os locais de adoração dos cristãos como se juntou à multidão para vandalizar as igrejas católica e presbiteriana. A polícia de Sangla Hill também prendeu e torturou quatro dos seis irmãos de Masih, alertando ao dito blasfemo a entregar-se em troca da libertação de seus irmãos. Masih foi mantido na cadeia em Sheikhupura. As casas de Masih e de seus irmãos foram totalmente queimadas e ninguém confirma o paradeiro de sua esposa e seus três filhos. Em resposta a uma multidão de 3.000 homens na mesquita em Sangla Hill no dia 2 de dezembro, os clérigos muçulmanos, com o apoio de autoridades do governo, exigiram a execução pública de Masih. 
 
5 - Professoras da escola dominical presas na Indonésia

Com um desfecho conturbado para um país com um relativo grau de liberdade religiosa, em setembro, juízes indonésios contenderam três mulheres a três anos de prisão por permitirem que crianças muçulmanas participassem do programa de escola dominical cristã. Rebekka Zakaria, Eti Pangesti e Ratna Bangun receberam a sentença após o juiz tê-las considerado culpadas por violar o Ato de Proteção à Criança de 2002, que proíbe "engano, mentira ou engodo" que levem uma criança a se converter a uma outra religião. As professoras de escola dominical do distrito de  Indramayu, Java Ocidental, haviam instruído as crianças a solicitarem permissão de seus pais antes de participarem do programa, e aquelas que não tinham permissão eram mandadas para as suas casas. Nenhuma das crianças havia se convertido ao cristianismo. Os pais muçulmanos foram fotografados com seus filhos durante as atividades da escola dominical, mas quando os líderes islâmicos apresentaram uma queixa, os pais se recusaram a testemunhar em favor das mulheres. Nenhuma testemunha apresentou-se ou providenciou evidências de que as mulheres mentiram, enganaram ou forçaram as crianças a mudarem de religião. As três acusadas, descritas como "donas-de-casa comuns", ficaram aliviadas por não terem recebido a pena máxima de 5 anos, mas arrasadas por ficarem separadas de seus filhos, que têm idades entre 6 até uma filha de vinte e poucos anos. Durante o julgamento, os extremistas islâmicos fizeram ameaças de assassinato tanto dentro como fora a da corte. Muitos caminhões cheios de extremistas chegaram; um trazendo um caixão para enterrar as acusadas se fossem consideradas inocentes. As rés, testemunhas e jurados eram continuamente ameaçados de morte por centenas de radicais islâmicos, caso as mulheres fossem absolvidas. A Indonésia ocupa o 37º lugar na classificação de países por perseguição. A Portas Abertas desenvolve neste ano uma campanha de ação institucional em favor das professoras da Indonésia. Clique aqui para participar.

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6 - Falso julgamento no Egito

Um cristão com dupla cidadania (norte-americana e egípcia), que se aposentou nos Estados Unidos e foi para o Egito para começar um abrigo para jovens mulheres - especialmente meninas coptas que são atraídas para casar com homens muçulmanos com promessas de escaparem da privação econômica - foi sentenciado a um ano de prisão em 20 de outubro. Uma adolescente do abrigo apresentou acusações sem fundamento contra ele. O cristão copta Shafik Saleh Shafik escondeu-se no Egito enquanto seus advogados tentavam apelar da condenação controversa de manter uma menor em seu abrigo de forma ilícita. Magda Refaat Gayed, então com 17 anos, havia acusado Shafik de agredi-la e estuprá-la, apesar do relatório médico ter refutado estas acusações. Seus pais cristãos haviam dado a custódia de sua filha a Shafik em setembro de 2004, após a polícia tê-la resgatado de um grupo Islâmico. Ela havia fugido de sua família duas semanas antes e estava vivendo com o líder muçulmano de um grupo islâmico, aprendendo rituais islâmicos, com a esperança de se converter e se casar com um jovem muçulmano. Apesar de Shafik ter sido condenado em 20 de outubro, o veredicto detalhando as acusações contra ele não havia sido divulgado até 13 de novembro. Muitas das jovens cristãs do abrigo de Shafik foram levadas até ele após suas famílias tê-las recuperado de grupos muçulmanos determinados a disseminar o islamismo, raptando-as e convertendo-as. A corte inicialmente ordenou a polícia transportar ilegalmente a menor Magda para um centro islâmico, para oficialmente se converter ao islamismo. Além disso, muitas testemunhas ameaçaram matar Shafik caso a corte o considerasse inocente. O Egito está em 18º lugar na lista que classifica os 50 países onde a perseguição religiosa é mais intensa.
 
7 - Pastor Cai preso na China

Na China, o 9º colocado na lista de classificação de países por perseguição, um juiz declarou culpados o pastor de uma igreja doméstica,  Cai Zhuohua, e três parentes seus por "práticas de negócios ilegais" - um pouco mais de oito meses depois que a nova Regulamentação de Assuntos Religiosos fortaleceu a proibição de publicações religiosas e aumentou a pena por imprimir e distribuir o material sem a aprovação do governo. O juiz You Tao sentenciou Cai, 34, a três anos de prisão; sua esposa, Xiao Yunfei, a dois anos; e seu cunhado, a 18 meses. A cunhada de Cai, Hu Jinyun, foi acusada de esconder bens adquiridos ilegalmente nas escapou da prisão pois forneceu informações para a polícia. A mãe de Cai, Cai Laiyi - atualmente cuidando do filho de Cai de 5 anos - disse à agência de notícias Reuters que a acusação não havia encontrado nenhuma testemunha para testificar que Cai havia recebido dinheiro na venda destes livros. Cai, que conduzia seis igrejas domésticas em Pequim, disse que os livros eram impressos para distribuição gratuita entre a rede de igrejas domésticas. Os quatro foram mantidos presos por 10 meses antes do caso finalmente ir a julgamento em 7 de julho. Os advogados de defesa tinham conhecimento de que a literatura era impressa sem a permissão, mas argumentaram que os réus não poderiam ser acusados de "crime econômico" já que as Bíblias nunca seriam vendidas. Gao Zhisheng, um importante advogado na defesa, recebeu, em 4 de novembro, a notícia da suspensão de sua prática na advocacia por um ano, dificultando extremamente a apelação. Gao disse que a polícia atentou contra sua vida e molestou sua família. Ele agora enfrenta o risco de uma prisão iminente, depois de divulgar dois relatórios em 2005 sobre a tortura de membros de Falun Gong e sobre os direitos das minorias na província de Xinjiang. Além disso, um auxiliar da corte visitou o pastor Cai para avisá-lo de que sua sentença poderia ser aumentada caso ele "irritasse" os juízes com um pedido de apelo. De qualquer maneira, os réus apelaram, e a corte rejeitou o recurso em 20 de dezembro, mantendo os veredictos e as sentenças.
 
8 - Ataques físicos e investidas legais na Índia

Em um ano de incidentes semanais de violência contra os cristãos e com a introdução de um projeto de lei que poderia tornar Rajasthan o sexto Estado a restringir as conversões religiosas na Índia, a Suprema Corte, em 28 de novembro, adiou - pela terceira vez - a decisão sobre se os cristãos dalits podem ter trabalho e educação negados. Os "dalits" (a casta mais baixa da Índia, composta pelos chamados "intocáveis") pertencentes às religiões hindu, budista e sikh são qualificados para o plano do governo que reserva 26% dos trabalhos e escolas para eles. Sob as leis atuais, "dalits" que se convertem ao cristianismo perdem os privilégios da reserva. Os líderes cristãos disseram que os 16 milhões de "dalits" cristãos estão extremamente frustrados e desmoralizados pela posição do governo. Em outubro, procuradores do governo atrasaram a decisão, dizendo à justiça que a comissão havia sido montada para estudar uma grande quantidade de assuntos a respeito das reservas do governo para os "dalits". Essa comissão, que os líderes cristãos dispensaram como um modo de ganhar tempo para este assunto, está prevista para terminar seu trabalho neste ano. Além disso, durante o ano de 2005 a polícia se negou rotineiramente a registrar as queixas dos cristãos que foram atacados por extremistas hindus. A Índia é o 34º colocado na classificação de países por perseguição.
 
9 - Islamização no Norte da Nigéria 

Os cristãos do norte da Nigéria foram alvos freqüentes da violência em 2005, já que a imposição da lei islâmica "sharia" desde 2001, em 12 Estados, continua a alimentar a raiva Islâmica. Um ataque militante muçulmano na comunidade cristã na vila de Demsa, Estado de Adamawa, em 4 de fevereiro, matou 36 pessoas e desabrigou outras 3.000. No estado de Níger, onde cristãos correspondem à metade da população, oficiais islâmicos apoderaram-se da propriedade dos cristãos,  deram queixas contra eles no setor público, e forçaram meninas cristãs a se casarem com muçulmanos. Em outubro, nove casos de conversões forçadas de meninas cristãs com idade inferior a 14 anos foram relatados ao escritório de Níger da Associação Cristã da Nigéria; muitos outros casos permanecem sem ser divulgados. Autoridades do Estado encontraram pretextos para forçar as igrejas a se realocarem em outro local, fora das cidades. No Estado de Kano, a admissão de uma criança cristã na escola pública foi negada, e aquelas que foram admitidas foram forçadas a estudar árabe, islamismo e a praticar orações islâmicas. Cristãos na vila Bari Dorayi construíram um berçário e uma escola primária para suas crianças, mas o governo parou a construção. O Estado recrutou 9.000 muçulmanos, conhecidos como "hisba", que foram treinados para reforçar a aplicação da "sharia", atuando como instrumentos de coerção, intimidação e abuso. Mesmo no Estado de Plateau, com maioria cristã, onde a "sharia" não foi imposta, muçulmanos trabalham para a "islamização" a fim de tirar a posição do Estado como ponto de início do trabalho dos missionários para o norte - destruindo igrejas, indicando muçulmanos para posições políticas e negando terra para os cristãos construírem igrejas. O norte da Nigéria ocupa o 25º lugar na classificação de países por perseguição.
 
10 - Violência macabra na Indonésia

Uma série de macabros ataques mostrou todos os sinais dos atentados dos extremistas muçulmanos para incitar os cristãos à guerra religiosa. Um bombardeio em 28 de maio, no mercado cristão em Tentena, deixou 22 mortos e pelo menos 49 feridos. Duas testemunhas do julgamento que se seguiu foram mortas no distrito de Poso, já que havia um policial envolvido na investigação. Em 27 de outubro, outra bomba explodiu em um ônibus cristão que ia de Aplu para Tetena. Em outubro passado, em Poso, quatro garotas adolescentes foram atacadas quando caminhavam para a escola cristã. Theresia Morangke, Alfita Poliwo e Yarni Sambue foram decaptadas, enquanto a quarta jovem, Noviana Malewa, ainda está se recuperando dos graves ferimentos. As três cabeças foram encontradas em sacolas plásticas com um bilhete que dizia: "Nós vamos assassinar mais 100 adolescentes cristãos e suas cabeças serão presenteadas aos seus pais". Duas outras estudantes - uma cristã e uma muçulmana - foram baleadas em 8 de novembro. Assaltantes armados de facões atacaram três jovens, matando uma delas, em 18 de novembro, e um casal cristão foi baleado e seriamente ferido em 19 de novembro. Finalmente, em Sulawesi Central, no início da manhã de 31 de dezembro, uma bomba explodiu em um mercado em uma região cristã de Palu, matando oito pessoas e deixando outras 56 feridas.

Fonte: https://www.portasabertas.org.br/noticias/2006/01/noticia2349/


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