Segundo a matéria #EspecialNigéria: Um dos países que mais persegue cristãos, divulgada recentemente pela Portas Abertas, 80% da igreja nigeriana confessou ter sentimentos de desconfiança em relação aos muçulmanos, mesmo quando eles são amigáveis. De acordo com o jornalista e líder cristão John Hassan, "As pessoas pensam que os muçulmanos são violentos, mas eles defendem que seguem uma religião de paz, o problema é que existem grupos radicais que querem dominar o mundo e impor o islã a todos, e eles usam o alcorão em defesa de suas ideologias", diz o jornalista. Ele vive em Jos, capital de Plateau, um estado que fica na região central da Nigéria e compõe uma das áreas mais afetadas pela violência do Boko Haram nos últimos anos.
Um clérigo muçulmano influente na Nigéria disse que a responsabilidade de lidar com a ameaça do Boko Haram é totalmente dos muçulmanos. "Nós entendemos que o Boko Haram saiu do nosso meio, então ele é um problema nosso e temos que arrumar estratégias para combatê-lo", reconhece Sheikh Ahmad Gumi, em uma entrevista à revista norte-americana Interview. Gumi é uma figura muito conhecida principalmente entre os jovens nigerianos participantes da seita Izala (formalmente conhecida como JIBWIS – Sociedade de Remoção, Inovação e Reestabelecimento da Sunna). Seu falecido pai, Abubakar Gumi, foi um clérigo totalmente controverso e influenciado pelo islamismo de linha radical, pregado pelo Boko Haram e outros grupos extremistas. Embora Gumi (filho) siga alguns passos de pai, seus planos de ação são pacíficos.
Atualmente, ele tenta reunir os muçulmanos de um país que foi dilacerado por divisões étnicas e religiosas, que levaram milhões de cristãos à morte. "Coletivamente, nós muçulmanos somos mais poderosos do que qualquer outro grupo no país, o problema é que nos perdemos na busca pela riqueza e nos esquecemos da nossa cultura, religião e família. Isso acontece quando você dá o poder nas mãos da pessoa errada, então você perde tudo. Isso explica a degradação moral, o extremismo e a desunião das famílias islâmicas", reconhece. "A visão de Gumi teoricamente favorece os cristãos, mas enquanto o grupo extremista continuar agindo, a igreja será sempre o alvo deles. A igreja nigeriana não tem esperança em homens, mas em Deus, o único capaz de prevalecer sobre o Boko Haram", conclui um dos analistas de perseguição.
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