Deputado “profetiza” contra Eduardo Cunha e pede vigilância da Bancada Evangélica
Cabo Daciolo afirmou que presidente da Câmara “não está sozinho nesse mar de lama”.
Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos, conhecido como “Cabo Daciolo”, é um bombeiro militar. Foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro nas eleições estaduais de 2014, pelo PSOL.
Em maio, o parlamentar foi expulso do partido por ter apresentado o projeto de lei que alterava o texto da Constituição Federal onde se dizia que todo poder emana do povo, para “todo poder emana de Deus”. Atualmente ele não está filiado a nenhum partido, mas continua exercendo o mandato.
Ao subir na plenária do Congresso nacional ontem (21), levou consigo a Bíblia. Em um discurso inflamado, profetizou contra Eduardo Cunha e membros da bancada evangélica.
Na tarde de ontem, parlamentares defenderam a saída de Cunha da presidência da Casa em uma manifestação no Salão Verde da Câmara. Após o presidente deixar seu gabinete para falar com os jornalistas, diversos manifestantes usavam máscaras escritas “Fora, Cunha” e seguraram faixas pedindo a cassação do parlamentar.
Daciolo não esteve na manifestação, mas usou seu espaço na tribuna para fazer um pronunciamento onde exortou Cunha e os demais membros da bancada. Assumindo uma postura que lembrava os profetas do Antigo Testamento, referiu-se a Deus várias vezes. No final ainda fez uma oração intercessória pelo Congresso e pela nação.
Identificando-se como um crente “leitor de Bíblia e subidor de monte”, o deputado carioca contou que se converteu em 2004. Disse também que “sinais iriam começar a acontecer” no Congresso. Lembrou que a corrupção está presente em várias esferas do país.
Afirmou que Cunha “não está sozinho nesse mar de lama”. Questionou como Cunha pode se dizer evangélico e estar envolvido em práticas de corrupção. Alertou os membros da bancada, sem citar nomes: “Vigiem, por que o nosso Deus não está brincando”.
Citando os falsos profetas mencionados na Bíblia, deu uma palavra “profética” a Eduardo Cunha. Leu Jeremias 2:17 e 19: “Não foi você mesma a responsável pelo que lhe aconteceu, ao abandonar o Senhor, o seu Deus?… O seu crime a castigará e a sua rebelião a repreenderá. Compreenda e veja como é mau e amargo abandonar o Senhor, o seu Deus, e não ter temor de mim, diz o Soberano, o Senhor dos Exércitos”.
O cabo fez um sério alerta aos demais membros da bancada, chamando-os ao arrependimento. Orando em línguas, desafiou que provassem que o que ele estava falando não vinha de Deus.
Finalizou pedindo em oração que “Deus jogasse por terra tudo que não vem dele”. Citou ainda o versículo 12 do Salmo 33: “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”. Ao encerrar, usou a frase que lhe custou a expulsão do PSOL: “Todo poder emana de Deus”.
A atitude do deputado se não é inédita tem uma força que há muito não era vista no meio político brasileiro. Sem se preocupar em ser chamado de fundamentalista, mostrou que se orgulha de ser evangélico e se preocupa com o testemunho cristão. O tempo mostrará a força dessa profecia, para o bem da nação.
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