A futura ministra de Mulher, Família e Direitos Humanos do novo Governo Bolsonaro, Damares Alves, concedeu uma entrevista comentando a recente repercussão do seu testemunho onde relatou uma visão que teve de Jesus Cristo, aos 10 anos de idade. Ela também deu detalhes do contexto que vivenciou na época, marcado por abusos sexuais constantes.
“Fui abusada por dois religiosos. Da primeira vez, foi um missionário da igreja evangélica que frequentávamos na época, em Aracaju”, disse Damares em entrevista à Universa, do portal Uol.
“Foram várias vezes em um período de dois anos. Começou quando eu tinha seis anos e a última vez que o vi estava com oito”, acrescenta Damares, ressaltando que durante esses abusos dava sinais de que estava sofrendo, mas que ninguém percebia ou não queria tomar parte do problema.
“(O segundo) não foi às vias de fato. Me recordo de quatro momentos. Passava a mão no meu corpo, me beijava na boca, me colocava no colo. Uma vez ejaculou no meu rosto”, disse a futura ministra, explicando que os abusos em sequência lhe prejudicaram profundamente emocional e psicologicamente.
“Me tornei uma menina triste. Antes dos abusos eu sentava no primeiro banco da igreja, cantava feliz, dançava. Depois, não cantava do mesmo jeito, não dançava. Virei uma criança retraída. Tinha pesadelos e gritava à noite”.
Damares Alves e Jesus no pé de goiaba
Foi nesse contexto de extremo sofrimento emocional e físico que a então criança Damares Alves desejou tirar a própria vida, com apenas 10 anos.
Marcada pelo trauma do abuso sexual e sentindo que não havia a quem recorrer, Damares escolheu um pé de goiaba para tentar se suicidar tomando veneno de rato. Foi nessa hora que ela disse ter visto Jesus lhe pedindo para não tirar a própria vida.
“Estão me ridicularizando por ter falado isso, mas se vocês não acreditam, problema é de vocês. Tem criança que vê duende, que fala com fadas. Eu vi Jesus. Percebo que há uma discriminação religiosa sórdida que está banalizando o sofrimento de uma criança”, disse ela.
Por fim, o caso de Damares Alves chama atenção para a necessidade dos pais, amigos e familiares ficarem atentos para os sinais de sofrimento de uma criança, que pode ser fruto de vários tipos de violência, incluindo o abuso sexual.
“Acontece com a maioria das meninas abusadas: algumas não falam porque são ameaçadas, outras, porque têm medo da reação do pai e da mãe e há as que acham que ninguém vai acreditar. Mas eu emitia muitos sinais. Infelizmente, ninguém notou”, conclui a ministra.
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