Funcionários do Ministério do Meio Ambiente do Vietnã atacaram duas famílias cristãs montagnards a fim de forçá-las a sair da terra que ocupavam.
Segundo a fundação Montagnard Foundation Inc., quatro funcionários identificados e um quinto não-identificado são parte de um plano para intimidar os montagnards e retirá-los de suas terras. Assim as autoridades podem vender ou distribuir a terra para novos colonos vietnamitas que chegam à região. As autoridades usaram armas químicas nas vítimas, inclusive em um bebê de apenas alguns meses de idade".
A Fundação Montagnard (MFI, sigla em inglês) afirma que no dia 1º de maio de 2006, por volta das 13 horas, um montagnard chamado Kpa Ju e sua esposa chegaram aos campos de seus ancestrais para vender arroz.
Enquanto sua esposa preparava as sementes de arroz, Kpa Ju andava pelos seus campos, checando-os. De repente, ele foi atacado pelos cinco funcionários do Ministério do Meio Ambiente.
Segundo a MFI, os cinco funcionários o espancaram e chutaram até que ele caísse. Depois eles espirraram um tipo de líquido químico em seu rosto e olhos. Sua esposa viu o que estava acontecendo e correu em direção a ele. Os funcionários saíram então do lugar. Kpa Ju foi severamente agredido e não conseguia abrir os olhos por causa da química. Kpa Ju tem 48 anos e é da vila Ploi Poi, na província de Gialai.
Rotina
Conforme a MFI, no dia 18 de abril, outro homem da mesma vila foi atacado. Rmah Suan, de 28 anos, estava em sua plantação de arroz com sua esposa Siu H'Blaih e seus três filhos: Siu Anuan (5 anos), Siu H'Biap (3 anos) e Siu H'Gai (de poucos meses). As plantações ficam a uns 7 quilômetros de distância da vila.
Por volta das 7 da manhã, Rmah Suan plantava arroz enquanto sua esposa e seus filhos cozinhavam arroz em uma tenda perto da fazenda. Segundo a Fundação, os mesmos funcionários do Ministério, se dirigiram a Rmah Suan e lhe disseram: "Você não pode plantar arroz nessa terra porque ela pertence ao governo". Rmah Suan respondeu que aquela terra era de seus tataravôs e que sua família havia vivido lá por gerações. Então ele disse: "Por que ela, de repente, passou a ser do governo?".
A MFI relatou que os cinco funcionários atiraram a cesta de sementes de arroz no chão e agrediram Rmah Suan, batendo nele e chutando-o até que ele sangrasse. Rmah Suan desmaiou e os funcionários espirraram o mesmo líquido químico em seu rosto.
Em seguida, eles se dirigiram à tenda onde estava o resto da família. Eles agrediram a esposa de Rmah e espirraram o líquido em todos os que estavam lá, inclusive no bebê. Eles ordenaram que a mulher saísse daquela terra.
Comentando o ataque, a MFI disse que a questão do confisco de terras é um dos problemas fundamentais no que diz respeito ao povo montagnard. Para a fundação, "o governo vietnamita continuou a agir de uma maneira discriminatória e repressiva em relação a essa questão.
A fundação ainda diz que o problema está aumentando e que o modo como os funcionários do governo retiram os montagnards de suas terras já virou rotina e existe há décadas. Se os montagnards são maltratados e se queixam disso ao governo, eles são acusados de estar contra o governo, ou de seguir "forças externas" e são punidos. "O único desejo do povo montagnard é ser tratado de forma igual, e não ser perseguido e traído pelas autoridades vietnamitas".
Apelo
A Fundação Montagnard convida todas as embaixadas interessadas no Vietnã e a comunidade internacional a tentarem urgentemente assegurar que cuidados médicos sejam dados a essas vítimas; a tomarem as medidas necessárias com o governo vietnamita para que ele resolva a contínua discriminação e corrupção feita pelas autoridades que sempre ameaçam e roubas as terras dos montagnard; e a pressionar uma presença humanitária permanente no planalto central para monitorar a situação dos direitos humanos".
O povo montagnard sofre há décadas a perseguição do governo do Vietnã, por meio do confisco de suas terras herdadas, repressão da religião cristã, tortura, assassinatos e prisões. Em maio de 2006 o Departamento de Estado dos EUA manteve o Vietnã em sua lista de observação dos países que são os piores violadores da liberdade religiosa.
Segundo a MFI, até agora há mais de 350 prisioneiros montagnards no Vietnã. Suas acusações incluem luta por direitos humanos, evangelização e fuga para o Camboja. Por décadas o povo montagnard teve suas terras confiscadas pelas autoridades - uma prática discriminatória que força essas pessoas a viverem na pobreza e desnutrição.
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