A decisão da rainha Elizabeth II de condecorar o escritor anglo-indiano Salman Rushdie, autor da obra Versos satânicos, com o título de Sir (cavaleiro), no último sábado, está causando protestos em todo o mundo islâmico.
Os cristãos, principalmente os protestantes, temem que a controvérsia cause um levante de extremistas religiosos contra eles.
Ontem, o Parlamento e o Governo do Egito condenaram a condecoração britânica e qualificaram a homenagem como mais grave do que as caricaturas do profeta Maomé.
O Parlamento do Paquistão aprovou uma moção que define o escritor como blasfemo. O ministro de Assuntos Religiosos, Mohammed Ijaz ul-Haq, chegou a afirmar que o título era uma justificativa para atentados suicidas.
Ameaças
Segundo o diretor da Comissão Nacional Inter-Religiosa do Paquistão, Aftab James Paul, a vingança contra os cristãos do Paquistão pode acontecer a exemplo do que ocorreu na época da divulgação das caricaturas.
Muçulmanos de várias cidades paquistanesas e malaias queimaram bandeiras britânicas e imagens de Rushdie e da rainha Elizabeth II, gritando: Matem-nos!
No domingo, o Irã acusou a Inglaterra de insultar valores islâmicos e afirmou que Rushdie é uma das figuras mais odiadas do mundo muçulmano.
Seguidores do Partido Pan-islâmico da Malásia (PAS, em inglês) protestaram em frente à embaixada do Reino Unido no país e pediram ao Governo britânico que retire o recém-concedido título de Sir ao escritor, sob ameaça de represálias.
O polêmico escritor
O título de Sir foi concedido a Salman Rushdie durante a cerimônia de comemoração do aniversário de 81 anos da rainha Elizabeth II por suas contribuições à literatura.
Para os muçulmanos, o livro de Salman Rushdie é uma ofensa ao islã. Em 1989, o aiatolá iraniano, Khomeini, emitiu uma fatwa (decreto religioso) condenando-o à morte.
O escritor teve de viver escondido durante nove anos. Em sua obra Versos satânicos, o autor insinua que Maomé estava sob a influência de haxixe quando criou o islamismo. A visão do anjo Gabriel não teria passado de uma alucinação.
Por causa da polêmica, a ministra britânica das Relações Exteriores, Margaret Beckett, fez uma declaração em que lamenta a ofensa causada pela concessão do título de sir ao escritor Salman Rushdie.
(Com agências internacionais)
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