Em uma casa isolada, fora de Nairóbi, capital do Quênia, um grupo de homens e mulheres se encontra pelo menos uma vez por semana para louvar a Deus em segredo.
A reunião de oração é simples e acontece no idioma somali. Os anciãos se alternam na oração e na leitura de versos da Bíblia em somali antes do momento do sermão.
Há dúzias de somalis que se converteram ao cristianismo e vivem em Nairóbi.
Alguns dizem que praticam o cristianismo há mais de 10 anos.
Mas eles vivem com medo da perseguição por parte de membros da comunidade somali, que é predominantemente muçulmana.
Existe uma comunidade somali considerável no Quênia, que inclui quenianos com ascendência somali e um grande número de refugiados.
A maior parte desta comunidade vive na capital queniana, na propriedade de Eastileigh, chamada hoje de Pequena Mogadíscio, em homenagem à capital da Somália.
Ameaça fundamentalista
Muitos refugiados fugiram da guerra na Somália.
Para alguns, foi a ameaça de perseguição religiosa que os levou a deixar suas casas e buscar refúgio no Quênia.
"Havia um grupo de pessoas que queria me matar, então estive entre os primeiro refugiados a deixar Mogadíscio porque sabia que eu seria um alvo fácil assim que o governo entrasse em colapso”, diz Michael, um dos cristãos. "Os fundamentalistas poderiam facilmente me atacar e me matar”, ele continua.
Alguns de seus irmãos na fé não tiveram a mesma sorte.
"Os fundamentalistas mataram alguns amigos meus. Um pequeno grupo se reunia em minha casa, cerca de 10 pessoas, e seis delas foram mortas”, ele diz.
Apesar de o Quênia ser um país onde o cristianismo é a religião com o maior número de adeptos, a vida dos cristãos somalis ainda não melhorou.
Eles contam que sofrem nas mãos de familiares e conterrâneos que são contra sua conversão; são alvos de ataques e agressões e, em alguns casos, têm suas esposas e filhos tirados de casa.
Errantes
Para evitar esse tipo de represália, muitos cristãos somalis mantêm seu nome islâmico como uma tentativa de se proteger.
Longe de casa e sofrendo rejeição por parte de sua comunidade, os cristãos dizem ser forçados a viver como errantes.
O Conselho de Imames e Pregadores do Quênia (CIPK, em inglês) nega que os cristãos somalis estejam sofrendo perseguição.
"Ficamos entristecidos com essas acusações porque o islã dá liberdade às pessoas de escolher sua fé”, disse o xeique Hassan Omar, da CIPK.
"Não acredito nas histórias de cristãos somalis estarem sendo perseguidos por terem se convertido ao cristianismo. Isso é mentira”, continua o xeique.
Hassan Omar diz que o Quênia assegura a liberdade de religião e culto, e que os cristãos somalis têm liberdade de praticar sua fé e congregar com outros cristãos para louvar.
Ele diz que essas acusações são uma desculpa que os somalis estão usando para conseguir asilo político nos EUA e em outros países ocidentais.
"Meu conselho para eles é: se quiserem ir para os EUA, devem procurar outros meios em vez de envolver o islã e os muçulmanos neste assunto.”
Entretanto, Khatazar Gondwe, da Solidariedade Cristã Mundial, que vem defendendo a proteção de cristãos somalis, afirma que há problemas.
"Entramos em contato com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) em Genebra que tem conhecimento de que a situação é um problema”, diz a Sra. Gondwe.
Os números crescem
Os cristãos somalis que vivem no Quênia reclamam que o ACNUR não responde seus pedidos.
"De acordo com os refugiados, em alguns casos o ACNUR é muito antipático, quando não, hostil, e fala para essas pessoas voltarem para os campos e que só depois disso eles lidarão com elas”, conta Khatazar.
"Nos campos de refugiados, essas pessoas correm maior perigo de vida do que em Nairóbi”.
O escritório do ACNUR em Nairobi negou as acusações e disse que todos os refugiados têm oportunidade de apresentar seu caso e receber a proteção necessária.
O porta-voz do ACNUR, Emmanuel Nyabera diz que a agência respondeu a poucos casos envolvendo cristãos somalis, mas acrescenta que existem casos que são rejeitados se forem verificados não-verdadeiros.
Apesar das dificuldades enfrentadas, esse grupo tão peculiar de cristãos está crescendo.
No final dos anos 90 não havia mais do que 20 somalis cristãos em Nairóbi; hoje este número está perto de 200, eles contam.
E eles oram para que em dia possam ser aceitos pela sociedade que tão ferozmente guarda sua própria crença religiosa.
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