Muçulmanos sunitas formam a maior parcela da população da Síria, porém, em quatro décadas de domínio político da minoria Alawita, os vários grupos religiosos existentes no país têm experimentado o direito de praticar sua fé livremente.
Os chamados para as orações muçulmanas ressoam juntamente com os sinos das igrejas em Damasco, onde o apóstolo Paulo iniciou seu ministério e a Igreja existe há dois mil anos. Para muitos cristãos sírios, no entanto, os conflitos sectários que causaram a fuga de cristãos do Iraque e os ataques contra os cristãos no Egito têm despertado medo, não apenas de uma possível queda do regime Assad, como também das revoltas que estão ocorrendo no mundo árabe.
“Definitivamente os cristãos sírios apoiam o presidente Bashar al Assad. Eles esperam que essa tempestade não aumente”, disse à Reuters Yohana Ibrahim, bispo da Igreja Síria Ortodoxa de Aleppo.
Os protestos na Síria tiveram início há dois meses, desencadeados pela raiva e frustração com a corrupção generalizada e pela falta de liberdade no país, controlado com punhos de ferro há quase 50 anos pela família Assad. Embora alguns cristãos tenham participado dos protestos, as instituições cristãs não os estão apoiando.
Cristãos contatados pela agência de notícias Reuters disseram que têm solicitado reformas políticas, mas não uma mudança de governo, que, segundo eles, pode possibilitar a tomada do poder por grupos islâmicos que negariam seus direitos à liberdade religiosa.
“Os cristãos sírios, sejam ortodoxos, armênios, maronitas, anglicanos, assírios ou católicos, se consideram primeiramente cidadãos sírios, pertencentes à nação”, disse Habib Afram, presidente da liga síria. “A situação geral das igrejas e o posicionamento de figuras cristãs permaneceram estáveis e seguras, já que a liberdade religiosa é garantida na Síria”, disse Said.
Os cristãos têm direitos e restrições políticas iguais às de qualquer muçulmano, apesar da predisposição constitucional, que afirma que o presidente deve ser muçulmano.
“Nossa etnia e língua não podem ser reconhecidas e não temos permissão para formar um partido político, mas essa é a situação de todos os sírios”, disse uma fonte cristã, que acrescentou ainda que a opção para as minorias do Oriente Médio é “viver sob as leis de um governo militar ou sob as de um líder religioso”.
Mesmo sendo uma região onde as minorias têm enfrentado desafios constantes e onde as tensões entre muçulmanos sunitas e xiitas têm aumentado, a Síria ainda é um lugar de refúgio para muitos cristãos.
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