Na última sexta-feira de agosto, a polícia de Karnataka, acompanhada de 10 extremistas hindus, prendeu o gerente de um abrigo para garotos depois de acusá-lo, juntamente com outro cristão de oferecer comida, abrigo, educação e promessa de emprego às crianças como uma maneira de seduzi-las a se converterem ao cristianismo.
Hanuma Naik também é pastor da Indian Gypsy Works Fellowship (IGWF). Depois de sua liberação sob fiança, o pastor alegou que as acusações eram falsas e que os pais dos 42 alunos mandaram seus filhos, meninos de 6 a 19 anos, voluntariamente para o abrigo. Os pais sabiam de antemão que ensinamentos cristãos fazem parte do programa educacional do abrigo, sustentado por uma igreja, popularmente conhecido como Ashram Cristão, disse Hanuma.
O subinspetor da polícia de Kunigal, Chemaiah Hiremath, disse que o Pr. Hanuma e outro membro da equipe do abrigo que também fora preso, Rama Naik, revelaram em depoimentos voluntários que outro pastor, Madesh Kumar, estaria lhes fornecendo livros e outros folhetos. Quando perguntado sobre os “depoimentos voluntários” que haviam assinado, o Pr. Hanuma respondeu que tanto ele quanto Rama Naik foram forçados a assinar papéis em branco na delegacia.
Hiremath contou que no dia 28 de agosto, Ramesh Kariyappa, morador de Kunigal, registrou uma queixa contra o Pr. Hanuma e Rama Naik acusando-os de “forçar conversão” e usar alimentos, roupa e abrigo para seduzir à conversão. O subinspetor foi até a IGWF, onde 42 alunos estão morando, sendo a maioria deles pertencente a tribos de Lambani. Ele alega que os alunos eram forçados a orar para o Deus da Bíblia, e que os hindus “possuem deuses como Hanuman e deusas como Lakshmi”.
O subinspetor disse que os cristãos prometeram aos pais dos meninos que tomariam conta das necessidades das crianças em relação à comida, roupa e educação – atividade potencialmente criminosa de acordo com perversas leis “anticonversão” que existem em alguns estados, mas que não estão em vigor em Karnataka. Essas leis tentam conter conversões religiosas feitas por “força, fraude ou sedução”, mas os grupos de direitos civis dizem que elas barram as conversões em geral, uma vez que os nacionalistas hindus fazem uso delas como meio de ameaçar cristãos com prisões sob alegações falsas.
O Conselho Global dos Cristãos Indianos (GCIC, em inglês) relatou que o subinspetor Hiremath, o Superintendente de Polícia Prabhakas Reddy e outro oficial chegaram à igreja IGWF acompanhados por 10 hindutya (hindus nacionalistas) extremistas que eram liderados por Ramalingayya Gowda e outros dois homens identificados apenas como Rangantha e Ramesh.
De acordo com o GCIC, depois de acusarem falsamente os dois cristãos de converterem os alunos de maneira fraudulenta ao atraí-los com comida, abrigo e educação, os extremistas bateram no evangelista Rama Naik repetidas vezes e perguntaram a vários meninos acerca das atividades do abrigo, seus estudos e suas famílias. A polícia jogou o pastor e o evangelista dentro da patrulha e confiscou Bíblias e outros livros cristãos que pertenciam ao abrigo.
Com os extremistas hindus seguindo de perto, a polícia foi até uma igreja doméstica na vizinhança, a Igreja Batista Krupashraya (Graça de Deus) a procura do Pr. Madesh Kumar, mas ele não estava em casa. Sua esposa, Glory Kumar, contou que estava alimentando seu filho de 18 meses quando três policiais e seis extremistas hindus chegaram, entraram em sua casa e começaram a lhe perguntar sobre as atividades da igreja.
“Eles invadiram minha casa e pegaram algumas Bíblias e livros de orações”, conta Glory. Seu filho começou a chorar e ainda assim a polícia e os extremistas avisaram “aos berros e de maneira ameaçadora” que não deveriam mais acontecer cultos na casa e deram ordem para que seu marido fosse até a delegacia quando voltasse.
O GCIC informou que, em seguida, a polícia e os extremistas foram até a Missão Renascimento Cristão Indiano à procura do Pr. Ranjanaswami Raju em K.R.S. Agrahar, na fronteira de Kunigal Taluk, mas ele não estava e sua casa, onde a igreja se reúne, estava trancada.
A polícia chegou com o Pr. Hanuma e Rama Naik à delegacia às 23h e os acusou de desobedecerem a vários artigos do Código Penal indiano, incluindo “praticar atos com a intenção de ofender sentimentos religiosos insultando alguma religião ou crenças religiosas” (Art. 295 – A) e “promover inimizade entre diferentes grupos por causa de motivos religiosos” (Art. 153 – A).
Quando o Pr. Adesh Kumar chegou à delegacia em companhia do advogado N.R. Rajashekar na manhã do dia seguinte, às 11h, o subinspetor o questionou sobre sua fonte de renda e de sua igreja doméstica. O pastor respondeu que era agente de seguros e que apenas sediava cultos de louvor e adoração em sua casa. Hiremath o preveniu contra “atividades para conversão” – dando a entender, equivocadamente, que conversões são ilegais na Índia – e o mandou de volta para casa.
O Dr. Rajashekar disse que os cristãos são cidadãos simples e inocentes que estão sendo tratados como criminosos.
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