A perseguição tem causado um efeito devastador nos cristãos palestinos a ponto de milhares abandonarem sua fé cristã e deixar sua terra natal. Os especialistas acreditam que as condições só vão piorar.
Meu interesse pela situação dos cristãos que moram na Palestina começou oito anos atrás, quando eu conheci um pastor cristão leigo que, sabendo que eu era um advogado de direitos humanos, me pediu para investigar os abusos de direitos humanos cometidos contra muçulmanos que se converteram ao cristianismo", disse o advogado israelense Justus Reid Weiner.
Eu não sabia nada sobre isso, e duvidava que qualquer um poderia lesar os seguidores da maior religião do mundo. Mas, à medida que eu marcava as entrevistas, fui percebendo que a maioria das vítimas cristãs se mostrava relutante até em se encontrar comigo. Quando as pessoas concordavam em revelar o que haviam sofrido, insistiam para que eu me referisse a elas por meio de pseudônimo, Justus explicou.
As estatísticas são alarmantes. A comunidade cristã nas áreas palestinas caiu para menos de 1,7%. Quase todo o 98% restante é muçulmano", ele disse.
O pastor Don Finto disse que a perseguição acontece a princípio dentro dos territórios palestinos.
No geral, os cristãos árabes dentro de Israel são recebidos e aceitos sem perseguição. Os judeus praticantes e os cristãos árabes têm cada vez mais contato. Os árabes dentro de Israel (cerca de um milhão são cidadãos israelenses) são aceitos enquanto eles viverem pacificamente sob o governo israelense.
Os judeus messiânicos - entre 7 e 10 mil, reunidos agora em 130 grupos domésticos ou congregações/sinagogas diferentes - são tolerados, mas às vezes perseguidos severamente, em especial pelos ultra ortodoxos. Os nominais, cerca de 80% dos cidadãos israelenses judeus, observam a Páscoa e podem até fechar as lojas e outros estabelecimentos no sábado, mas não são pessoas de uma fé significativa. Eles não se importam e às vezes são mais tolerantes com os judeus que crêem em Jesus do que com os ultra ortodoxos que querem controlar o país", disse o pastor Don.
Mas ele disse que os territórios palestinos são um caso a parte. Belém não é mais controlada por Israel, mas pelos palestinos. Às vezes eles só aceitam cristãos tradicionais cuja família tenha sido cristã por gerações (embora a população cristã de Belém tenha caído de 80 para 20% de acordo com as últimas estatísticas). Mas se um muçulmano passa a crer em Jesus, ele pode ser morto pelos próprios membros de sua família. O trabalho evangelístico está indo adiante, mas deve ser feito cuidadosamente, sabiamente e sob a direção do Espírito Santo."
O advogado israelense Justus entrevistou muitos cristãos palestinos. Seus achados revelaram que certo padrão de abuso se tornou aparente. Ele falou que o pior tratamento é geralmente "reservado" para as pessoas que deixam o islamismo e se tornam cristãs.
Segundo ele, a perseguição é difícil de se medir. "Se ninguém reclama significa que não há perseguição. Poderia ser, mas no caso dos cristãos vivendo sob a lei palestina, essa não seria uma conclusão razoável", Justus afirmou.
Ele acrescenta que os cristãos vivem em uma atmosfera de intimidação e negação, sendo isso particularmente verdade para muitos de seus líderes religiosos. Justus salienta que, desde que Israel se retirou das cidades palestinas, até ajuda humanitária feita pelos israelenses pode ser considerada uma afronta, já que os cristãos podem ser acusados de ser agentes israelenses.
Ele conta: Conheço uma igreja que foi atacada 14 vezes. O pastor foi baleado e deixado para morrer. Nesse tipo de ambiente (e também por causa desses ataques), milhares estão deixando o berço do cristianismo. De acordo com minhas estimativas, se isso continuar assim, apenas os relicários e os lugares sagrados existirão daqui a 15 anos. A comunidade cristã em Belém deixará de existir".
O pastor Don concorda: É muito difícil para os cristãos palestinos viverem aqui em Belém. Eles vão embora quando têm a chance de ir. De alguma forma, está sendo criada uma situação muito desconfortável para eles, que são pressionando a ter uma visão política pró-palestina.
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