A Igreja Evangélica na Alemanha, que representa quase um terço da população alemã, sendo composta por uma federação de 20 igrejas luteranas, reformadas e protestantes, resolveu não tentar mais converter pessoas da fé judaica ao cristianismo. A decisão veio no fim de uma assembleia de quatro dias, em Magdeburg.
Além da missão judaica, a assembleia debateu a solidariedade europeia e a vitória de Donald Trump. Depois de décadas de debate sobre a ética de continuar a tentar converter o povo judeu, após séculos de antissemitismo (preconceito ou hostilidade contra judeus), o Sínodo concordou que os cristãos "não são chamados para mostrar a Israel o caminho até Deus e a sua salvação".
O Sínodo afirmou que ninguém pode resolver a contradição entre as diferentes confissões de cristãos e judeus: "Nós colocamos Deus em casa", disseram. Participantes da assembleia argumentaram a partir da teologia da "eleição permanente de Israel".
Esta é a convicção de que Deus primeiro fez uma aliança com o povo de Israel, mas depois manteve a fé com os cristãos. O argumento histórico de que uma missão judaica foi proibida após o Holocausto, foi abordado pelo Sínodo.
Eles afirmaram que a confissão de "responsabilidade cristã" no holocausto nazista e o genocídio de pelo menos seis milhões de judeus, "têm consequências para um testemunho cristão contra judeus".
A resolução chega em um momento onde as igrejas - e alguns partidos políticos - em toda a Europa estão enfrentando um ressurgimento do antissemitismo na sociedade. Nesta semana, o Arcebispo de Canterbury, Justin Welby disse: "A igreja nacional possui sua própria história de intolerância e antissemitismo".
Polêmica decisão
Em dezembro do ano passado, os judeus cristãos em Israel não gostaram do anúncio feito pelo Vaticano, afirmando que os católicos não deveriam tentar converter judeus. A declaração foi feita num importante documento que afasta a Igreja ainda mais das relações tensas do passado, incentivando católicos a trabalhar com judeus no combate ao antissemitismo.
"A Igreja é assim obrigada a ver a evangelização (espalhar o cristianismo) para judeus, que acreditam em um só Deus, de uma maneira diferente do que para pessoas de outras religiões e visões de mundo", declarou o documento.
Para os judeus, Jesus Cristo ainda não veio morrer pelos seus. Já os cristãos entendem que o Salvador está bem perto da sua segunda vinda, onde ele arrebatará os salvos.
Na época dessa polêmica decisão, o diretor do grupo “Judeus por Jesus”, David Brickner, se pronunciou sobre o assunto. "Como pode o Vaticano ignorar o fato de que a Grande Comissão de Jesus Cristo ordena que seus seguidores estão levando o evangelho à todas as pessoas?", questionou.
"Eles estão apenas favorecendo alguns líderes da comunidade judaica, que aplaudem por estar fora do radar de evangelização pelos católicos? Se assim for, eles precisam ser lembrados que receberam a mensagem do evangelho, pela primeira vez, através dos lábios de judeus que acreditaram em Jesus", comentou.
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