Apesar das muitas dificuldades de ser cristão no Marrocos, os fiéis marroquinos saíram da clandestinidade em que vivem e declararam abertamente e oficialmente alguns pedidos: direito a um nome cristão, a poder orar em uma igreja e a serem enterrados fora de um cemitério muçulmano.
Com exceção à uma pequena comunidade judaica no Marrocos todos são considerados muçulmanos perante a lei. Os matrimônios são realizados por um juiz muçulmano, as escolas praticam obrigatoriamente a educação islâmica e a infração do jejum no Ramadã é punida, por exemplo.
Frente a uma cultura muçulmana tão forte os cristãos relatam que é muito difícil a aceitação como tais, inclusive entre familiares e vizinhos. “Eles preferem aceitar um criminoso a um cristão”, disse Zoheir. Mustafa, por exemplo, conta que trabalha em um escritório governo. Lá, os colegas o botaram de lado. “Desde que soubeam que eu era cristão, eles evitam se aproximar”.
Conforme o UOL, mesmo com a resistência, eles garantem que existem milhares de cristãos no país, quase todos evangélicos, que há comunidades em todas as grandes cidades, inclusive em muitos povoados, e que conseguem realizar reuniões escondidas para praticar juntos a religião. “Trazemos bíblias de contrabando do exterior, como se fossem haxixes ou cocaína”, comentou Zoheir.
Cansados de tanta incompreensão e encorajados por alguns sinais, que asseguram ter observado em discursos do rei Mohammed VI e até do ministro de Assuntos Islâmicos, formaram a Coordenadoria Nacional de Cristãos Marroquinos e apresentaram suas demandas ao Conselho Nacional de Direitos Humanos, uma organização oficial e consultiva que se comprometeu simplesmente a estudar os pedidos. Entre as solicitações também estão o direito a um casamento civil e a uma educação laica.
Zoheir e Mustafa não veem razões para serem otimistas e acreditam que os frutos desse combate serão colhidos dentro de 10 ou 20 anos. Por enquanto, ficariam felizes em ter reconhecidos o direito de existir.
Lei impede crescimento do evangelho
No Código Penal do Marrocos um artigo específico que paira sobre os cristãos: pena de até três anos de prisão para quem “tentar quebrar a fé de um muçulmano”. Apesar de se referir claramente às ações de proselitismo, o texto foi usado de forma abusiva para castigar todo marroquino que pratique outra fé diferente do islã.
Os cristãos, que nos últimos dias quebraram o silêncio, tentam se distanciar de toda atividade de evangelização ou proselitismo, mas são evasivos na hora de explicar como a fé cresce entre os adeptos, além de reconhecer que de vez em quando fornecem materiais (livros, aparelhos de rádio) aos fiéis que vivem em lugares isolados.
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