O projeto da constituição do Iraque, a ser votado no dia 15 de outubro, causa mais preocupação no que diz respeito à religião, de acordo com alguns analistas. Mesmo se a constituição for adotada com fortes garantias de liberdade religiosa para todos, os cristãos iraquianos dizem que ela não protegerá os direitos das minorias religiosas, a não ser que os grupos majoritários muçulmanos respeitem essas garantias.
"O governo não pode garantir o que a comunidade local se recusa a permitir", disse um porta-voz dos cristãos evangélicos do Iraque no começo de setembro. "A sociedade e as comunidades religiosas muçulmanas ainda não nos garantem liberdade para cultuar como consideramos adequado, mas apenas dentro de seu contexto. Mesmo se houver declarações sobre a liberdade de culto na constituição, a comunidade local interpretará o que é um culto e um comportamento honrado".
Depois de semanas de acordos e atrasos, líderes políticos xiitas e curdos contornaram as objeções da minoria dos negociadores sunitas e apresentaram formalmente o projeto à Assembléia Nacional do Iraque, em 28 de agosto. A Assembléia não aprovou e, portanto, essa decisão irá para o povo.
Muitos membros das comunidades cristãs caldeana e assíria, tradicionais no Iraque, já tomaram a sua decisão: deixar o Iraque no levantamento do caos social e dos repetidos ataques feitos pelos insurgentes sunitas e fundamentalistas muçulmanos xiitas. Cerca de 750.000 cristãos, conforme foi dito, permanecem no Iraque, abaixo do 1 milhão que havia antes da guerra.
Grupos cristãos sofreram sob a tirania de Saddam Hussein também, mas eles eram visados por causa de sua identificação étnica ou política - não por sua religião.
"O ditador não estava interessado em religião, contanto que ela fosse apolítica e não falasse às mazelas sociais sob a sua base étnica", disse o porta-voz cristão no Iraque. "Os líderes cristãos estão falando sobre questões mais amplas no Iraque esses dias" - e forças poderosas não estão felizes com isso.
Independente do resultado do referendo constitucional, os crentes iraquianos prevêem tanto maior - como menor - oposição ao Cristianismo. Apesar de suas antigas raízes no Iraque, a fé é agora ligada pelos seus oponentes aos "estrangeiros" e às culturas ocidentais, o que tornará a vida dos fiéis ainda mais difícil. Por outro lado, "uma expressão cristã mais ampla está presente no país, e ela se oporá a mais dificuldades", o porta-voz explicou. "O Iraque sob um governo escolhido pela população estará mais interessado na opinião do mundo do que o Iraque liderado por um ditador".
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