Cristãos no Turcomenistão estavam orando por uma mudança radical de governo após as eleições presidenciais que ocorreram no domingo, 11 de fevereiro, mas observadores alertam que isso será improvável, pois era esperado que o presidente interino Gurbanguli Berdymukhammedov provavelmente derrotasse seus cinco adversários.
Berdymukhammedov pode tomar o lugar do antigo presidente autocrático Saparmurat Niyazov, que foi acusado de perseguir cristãos e dissidentes. Niyazov morreu em dezembro passado, depois de governar sua nação isolada, predominantemente muçulmana, por 21 anos.
Apesar de Berdymukhammedov ter anunciado reformas, grupos que monitoram os direitos cristãos, como a Portas Abertas, declararam não estarem otimistas quanto ao futuro do Turcomenistão, um país da Ásia Central rico em gás natural.
"Ele já mudou a constituição para que sua eleição fosse possível e de acordo com relatos deseja apoio da mídia controlada pelo governo, dos funcionários do alto escalão e do (temido) serviço secreto", observou a Portas Abertas, que apóia cristãos perseguidos por causa de sua fé.
A perseguição continua
O Turcomenistão está na 14a posição na lista divulgada por Portas Abertas dos 50 países onde a perseguição contra cristãos é mais intensa, logo depois da Eritréia, onde pelo menos 2 mil cristãos estão presos por causa de sua fé.
Sob o governo do 'presidente vitalício' Niyazov, que inesperadamente morreu em 21 de dezembro, "o país se tornou sem liberdade para os cidadãos". A minoria cristã do país foi especialmente perseguida, apesar da constituição garantir "liberdade de religião e fé" dentre outras liberdades.
Igrejas domésticas protestantes foram invadidas pela polícia que confiscou Bíblias, hinários e outras literaturas cristãs e deteve cristãos, como relataram Portas Abertas e outros grupos. Falando sob condição de anonimato, um pastor observou que enquanto "a lei apóia" sua igreja, "sem se importar com isso, funcionários do governo fazem o que querem".
Existe a preocupação de que Berdymukhammedov "até agora tem estado calado" sobre mudanças políticas, liberdade de imprensa e liberação de presos políticos, "limitando-se a reformas na educação e a promessas de um padrão de vida melhor e de acesso à informação via Internet".
A desconfiança continua
Cristãos turcomanos, de acordo com relatos, não acreditam nessas promessas e especialmente cristãos turcomanos étnicos temem que as autoridades continuarão a declarar suas igrejas como "seitas" e a se recusar a reconhecê-las.
Sob as regulamentações do país, líderes das igrejas são forçados a entregar atas das reuniões da igreja ao Ministério da Justiça, enviar o dinheiro das ofertas para uma conta bancária oficial e permitir que o serviço secreto controle todas as transações financeiras.
Muitas igrejas são forçadas, por essas razões, a ficar na ilegalidade, apesar de congregações reconhecidas também terem sido invadidas pela polícia durante os cultos.
Nos dois últimos anos, muitas igrejas oficiais sofreram invasões durante os cultos pelas forças de segurança do Turcomenistão, que filmou os cristãos, confiscou literatura cristã e prendeu cristãos para longos interrogatórios.
Muitos líderes da igreja foram multados, enquanto estrangeiros foram expulsos do país, informaram observadores dos direitos humanos. Portas Abertas estima que existem no país cinco mil cristãos, muitos dos quais se converteram logo após a queda da União Soviética, durante um curto período de liberdade religiosa.
O crescimento da Igreja
Apesar das dificuldades, a igreja está crescendo e a cada ano pessoas são batizadas. "Recentemente uma congregação de 70 pessoas começou em uma cidade, depois que dependentes de drogas disseram que Deus os libertou da dependência das drogas", explicou a Portas Abertas. "Muitas pessoas querem se tornar cristãs".
Apesar das atividades evangelísticas serem proibidas, os cristãos continuam distribuindo Bíblias e outras literaturas cristãs. "Muitas pessoas vivem na escuridão e querem algo mais do que a ideologia pregada pelo governo", disse um líder cristão. "Nós sempre celebramos quando recebemos literatura cristã, pois é praticamente impossível comprá-las livremente", acrescentou.
O grupo internacional Human Rights Watch (HRW) alertou os governos ocidentais a tornarem claro para o próximo governo turcomano que ele será julgado pelo progresso concreto dos direitos humanos. A HRW caracteriza o Turcomenistão como "um dos países mais repressores do mundo".
No entanto, o diretor do escritório independente em Moscou da Heritage Foundation, Yevgeni Volk, reforçou que teme que o governo de Berdymukhammedov não signifique que o povo verá as mudanças que deseja.
"Qualquer um que chegue ao poder, terá que tentar se colocar como novo líder, e isso será muito difícil, porque todos se lembram do Turkmenbashie do culto à sua personalidade", disse ele. "E é claro também haverá uma dura luta pelo poder entre os vários grupos que acreditam ser os melhores para governar o país".
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