Declaração feita por Alfons Marzou, líder cristão, trabalhador de um complexo que abriga líderes islâmicos e missionários cristãos, fornecedor de cuidados médicos e comida para crianças pobres que vivem em meio ao lixo
“Olhe ao seu redor”, disse Marzou, apontando para as ruas sujas e casas onde as famílias vivem entre o lixo, que é uma das fontes de renda na região que é conhecida como "Cidade do Lixo".
Muito pouco foi melhorado para as pessoas que vivem nesta região, desde que o ex-ditador Hosni Mubarak foi derrubado do poder. Marzou disse: “A situação da região está ruim em muitos quesitos”.
Aqui, mais de 60 mil cristãos, conhecidos como Zabaleen, ou “pessoas do lixo”, coletam, separam, vendem ou reutilizam o lixo da cidade. Após a revolta contra Mubarak, a perspectiva de mudança foi encorajada, mas depois a euforia se transformou em decepção e incerteza do futuro.
Os Zabaleen viveram durante muitas décadas nesta sujeira no sopé do morro de Mokattam. Os cristãos compõem cerca de 10 % da população de 60 milhões de egípcios e eles dizem que a vida ficou perigosa no país depois da revolução e da queda de Mubarak, pois a polícia tem sido ineficaz na prevenção dos ataques contra os cristãos.
Theresa Moros sorri quando fala de seus quatro filhos. “Meus filhos não me deixam sozinha”, disse ela. “Eles se revezam e ficam vigiando e guardando a casa”.
Mas ela fica séria quando fala das mães que têm medo de deixar suas filhas irem para a escola. Na semana passada, um grupo desconhecido de agressores ateou fogo em uma fábrica de papel. As autoridades prenderam apenas alguns suspeitos de envolvimento no ataque.
Criminosos não identificados estão criando muitos conflitos em toda a cidade do Cairo, afetando assim os cristãos egípcios, dizem os analistas.
Muçulmanos e cristãos estão em tensões inflamadas há muitos anos, mas elas estão crescendo nos últimos tempos depois da revolução ocorrida no país. Entre os piores casos de violência, o confronto entre cristãos e as forças de segurança marcou o país, com 24 pessoas mortas.
“Nós queremos paz e nós queremos ser capazes de alimentar nossos filhos”. Disse Nawar Mounir, vendendo feijão de sua carroça que era puxada por um burro.
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