É o Natal de 2006, mas há pouca animação entre os cristãos que vivem na Cisjordânia e em Gaza.
O presidente da minúscula comunidade católica romana da Faixa de Gaza cancelou a ceia de Natal, citando a recente violência palestina. O maior oficial católico na Terra Santa, o patriarca latino de Jerusalém Michel Sabbah, disse que o tradicional lugar do nascimento de Jesus é uma cidade de conflitos e morte" por causa das medidas antiterroristas. Apesar da trégua na violência em Israel, apenas um punhado de turistas estrangeiros visitam Belém.
Essa não é uma época fácil para os cristãos que vivem na Terra Santa. E a perspectiva é ainda mais fria. A luta da pequena minoria cristã dos territórios da Autoridade Palestina levou alguns líderes cristãos a informar que a fé poderá estar virtualmente extinta na cidade em questão de décadas.
É verdade que a comunidade cristã está deixando a Cisjordânia e a Faixa de Gaza em um ritmo rápido - e parece que nada pode ser feito para impedir isso", afirmou o reverendo Alex Awad, reitor do Colégio Bíblico Belém. Dentro de 15 anos, os cristãos na Terra Santa serão uma minoria insignificante, apenas algumas pessoas dirigindo igrejas e instituições, e não uma comunidade viável na Terra Santa."
Alex é um pastor batista que vive em Jerusalém, mas faz uma pequena viagem semanalmente para trabalhar em Belém. Ele diz que, sem um acordo de paz entre israelenses e palestinos - algo que ele acredita estar distante - os futuros anos verão um colapso total do cristianismo em sua terra natal.
A população cristã da Palestina caiu para menos de 2% na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e no leste de Jerusalém. Inicialmente, em 1950, a taxa era de 15%.
Apenas três mil cristãos, a maioria da igreja ortodoxa grega, vivem em Gaza, em meio a uma população muçulmana conservadora de 1,4 milhão de pessoas.
Cerca de 150 mil cristãos - 80% deles árabes - vivem em Israel, uma média de 2.1% da população total, segundo os números fornecidos pelo Comitê Central de Estatísticas.
Se a situação continuar, logo as igrejas serão museus", disse o reverendo Naim Kuri, um honesto cristão evangélico que dirige a igreja batista Belém, e que se mudou recentemente para Jerusalém.
Cidade-fantasma
Nenhuma cidade na Terra Santa ilustra mais o grande êxodo de cristãos do que Belém, que está totalmente sob o controle palestino como parte dos Acordos de Oslo.
Essa cidade bíblica de 30 mil pessoas, localizada a apenas oito quilômetros ao sul de Jerusalém, tem sido o destino de peregrinações há quase dois milênios. Sua população tem agora menos de 20% de cristãos, depois de décadas durante as quais os cristãos eram a maioria.
Milhares de cristãos deixaram a cidade durante os seis primeiros anos de violência palestina em busca de uma vida melhor em Israel ou no Ocidente. A horrível situação econômica, o muro de segurança israelense e o que restava da política - incluindo o fortalecimento crescente de movimentos radicais islâmicos como o Hamas - tornaram a vida na cidade cada vez mais insuportável.
Não tem vida, não tem empregos e nem futuro em Belém", disse Raheb, um cristão árabe que vive em Jerusalém. Duas das irmãs de Raheb vivem em Belém e elas tentam sair da cidade, enquanto a terceira foi embora para a Suécia há dois anos.
Ele ainda disse que a situação em Belém só se deteriorou depois da vitória do Hamas nas eleições do Conselho Legislativo Palestino, em janeiro.
A indisposição econômica, acoplada à crescente taxa de desemprego e à incapacidade da Autoridade Palestina de pagar os funcionários públicos, apenas agravou as tensões na cidade.
Raheb disse que Israel deveria fazer mais para ajudar a minguante população cristã.
Peter Robinson é da Nova Zelândia e vive com sua esposa árabe cristã no subúrbio de Belém, em Beit Jala, há duas décadas. Ele disse: "É muito triste que centenas de famílias tenham ido embora para fugir dos problemas aqui". A situação econômica fez com que os irmãos de sua esposa emigrassem para o Chile.
Para Peter, a preocupante vitória do Hamas nas eleições foi "um grande choque para os cristãos da área. Muitos ficaram desesperados e fugiram", ele afirmou.
O turismo, o coração de toda a área, tem sido minado. A atual situação transformou lugares agitados, como Belém, em cidades-fantasma.
Povo esquecido
Muitos cristãos que vivem em Belém sempre irão apontar para o muro de segurança como o maior empecilho de sua existência. Israel o erigiu para impedir que homens-bombas palestinos entrassem em Jerusalém e outras cidades.
Mas, ao mesmo tempo, a maioria dos cristãos dirá que a vida sob o domínio israelense - por 25 anos, depois da Guerra de Seis dias em 1967 - era bem melhor do que hoje sob o governo da Autoridade Palestina.
Sem dúvida, a situação agora é muito pior do que quando estávamos sob ocupação israelense disse o pastor Alex Awad.
Antes de Oslo, as coisas iam bem", ele acrescentou, dizendo como é difícil para os moradores de Belém conseguir permissão para entrarem em Jerusalém.
O pastor Naim Kuri diz que a falta de governo, de policiamento e de segurança pioram as coisas. Sentimos que somos um povo esquecido, ele concluiu.
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