Um cristão argelino foi condenado a cinco anos de prisão, que é a pena máxima por blasfêmia, de acordo com as leis da Argélia. Além disso, ele terá que pagar uma multa de alto valor por ter supostamente ofendido o islã e o profeta Maomé em uma mensagem divulgada nas mídias sociais, juntamente com a foto de um civil sendo executado por extremistas islâmicos. Slimane Bouhafs*, de 49 anos, continua preso e teve que comparecer perante o juiz no dia 7 de setembro, na cidade oriental de Sétif, na região montanhosa de Cabília. A prisão aconteceu em julho, com a alegação de que ele escreveu um texto que dizia que "a luz de Jesus brilha sobre as mentiras do islã e de seu profeta".
O Vice-Presidente da Liga Argelina para a Defesa dos Direitos Humanos (LADDH), disse que a sentença é um verdadeiro ataque contra as garantias de liberdade de consciência e de culto. Ele tentou alterar a opinião pública alertando que os direitos garantidos pelas leis nacionais devem ser respeitados. Tais comentários nas redes sociais são muito comuns na Argélia e não costumam despertar a ira das autoridades. A LADDH pediu a libertação incondicional de Bouhafs e espera que a justiça triunfe. O Presidente da Igreja Protestante da Argélia disse que seu advogado vai recorrer.
Acredita-se que a sentença pesada sobre Bouhafs pode ter sido uma forma de silenciá-lo por causa de seu ativismo político. Ele faz parte do Movimento para a Autodeterminação de Cabília (MAK – sigla em inglês), um grupo separatista não tolerado pelo governo e que defende a minoria cristã da Argélia. A comunidade é composta pelos berberes (povo que se denomina como "homens livres"). Eles são conhecidos pela forte identidade e resistência regional contra todas as formas de controle. Todo o restante da Argélia é habitado por árabes.
Por outro lado, a família do acusado denunciou a ação da justiça argelina como um "sham litigation", que é o mesmo que dizer "má fé com sofisticação", ou seja, o abuso do direito de ação judicial para prejudicar alguém. Bouhafs se converteu ao cristianismo por volta de 1996. Sua filha Afaf* o descreve como "um homem que sempre defendeu os interesses de seu país" e disse que seu pai é conhecido como alguém que tem compromisso com a democracia e que luta pela liberdade religiosa. A maior preocupação da família atualmente é que Bouhafs sofre de uma doença crônica e sua saúde pode piorar enquanto estiver na prisão. Ele tem reumatismo inflamatório que piora sob situações de estresse e precisa seguir uma dieta especial.
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