Um cristão somaliano convertido do islamismo e morador de um estado que se declarou independente da Somália, chamado Somaliland, começou uma greve de fome para protestar contra sua transferência para uma prisão perigosa em uma parte remota do país.
Osman Nour Hassan foi preso no dia 3 de agosto por supostamente distribuir material cristão na vila de Pepsi, no subúrbio da capital do país, Hargesia. No dia 9 de setembro, as autoridades transferiram Osman da prisão na capital para uma prisão em Mandere, a 60 quilômetros de distância – a uma semana de viagem, o que dificulta as visitas, já que é uma viagem cara para os padrões do local.
“Osman está em um péssimo estado”, contou um cristão para a Compass. “Ele está muito desanimado”.
Em agosto, os mulçumanos que acusaram Osman se reuniram com sua família, que também é muçulmana, e concordaram que mestres islâmicos ou sheiks deveriam ir até a cadeia aconselhá-lo dentro da doutrina islâmica. Dois sheiks encontraram com o cristão na cadeia e rogaram que ele parasse de pregar o Evangelho, mas Osman se recusou.
“A família de Osman e os sheiks pediram para que sua situação na prisão piorasse, como uma forma de punição, na esperança de que ele negasse a fé cristã e voltasse para o islamismo”, contou uma fonte que prefere permanecer anônima. “Até agora a família de Osman permanece silente e não oferece a ele nenhum tipo de apoio”.
Propagar qualquer outra religião é proibido em Somaliland, algo que é totalmente contrário aos padrões internacionais de liberdade religiosa tais como o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. De acordo com o Relatório de 2008 sobre Liberdade Religiosa Internacional do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, o artigo 5(1-2) da constituição de Somaliland declara que o islã é a religião do Estado e proíbe a propagação de qualquer outra fé e o artigo 303 prevê as penas para os muçulmanos que mudam de religião.
As autoridades locais têm tentado, de todas as maneiras, frustrar os esforços de garantir o direito que Osman tem a um advogado insistindo que ele não teria como apelar de sua sentença, conta a fonte. Nenhum cristão jamais tentou iniciar um processo para ter sua liberdade religiosa garantida em alguma corte de Somaliland, ela continua.
“Ele precisa da ajuda de um advogado, o que parece impossível de conseguir”, declara a fonte. “Mas eles não darão a Osman o direito a defesa. Ele se sente negligenciado, então está rejeitando comida para protestar esse tratamento desumano”.
De acordo com três cristãos da Somaliland que fugiram do país, as autoridades locais começaram um esforço para acabar com os cristãos que se reúnem em igrejas subterrâneas em áreas predominantemente muçulmanas. Vários cristãos foram presos, mortos ou fugiram de suas casas enquanto os muçulmanos tentar parar a distribuição clandestina de Bíblias, contam as fontes.
Osman foi acusado de distribuir material cristão para um menino de sua vila que depois o mostrou para amigos e família. A família do menino relatou o incidente a polícia, contam as fontes, e então Osman, de 29 anos, foi preso.
“Ele argumenta que só possuía um material cristão que usava para estudo, e não para evangelismo”, conta um cristão. “Osman precisa de um advogado que cuide de sua causa, porque para alguém que já foi muçulmano, é proibido por lei praticar o cristianismo ou qualquer outra religião que não o islamismo”.
Apesar de sentir desanimado, Osman disse recentemente que está ligado a Cristo.
“Eu continuo pertencendo a Jesus”, ele disse. “Tenho certeza de que algum dia serei livre e estou bem de saúde, mas me sinto muito ansioso e estressado. Por favor, orem por mim”.
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