IRÃ – Após um mês de interrogatórios e tortura por parte da polícia secreta iraniana, o cristão Mohsen Namvar fugiu com sua família para o outro lado da fronteira em direção à Turquia.
Viajando de trem e gravemente ferido, ele chegou no dia 2 de julho ao leste turco com sua esposa e filho.
Mohsen Namvar, 44 anos, foi mantido incomunicável por um grupo do Sepah (a Guarda Iraniana Revolucionária) de 31 de maio a 26 de junho, quando autoridades disseram a sua família que o libertariam “temporariamente” (relembre).
Apesar de a polícia secreta ter pedido uma fiança de US$ 43mil (cerca de R$73 mil), os oficiais se recusaram a emitir uma ordem para o pagamento da quantia para a família.
No momento de sua soltura, Mohsen tinha febre, dores nas costas, pressão sangüínea altíssima, tremedeira nos membros e freqüente perda de memória. “Eu não tenho dúvidas de que queriam me matar”, disse ele à agência de notícias Compass Direct.
Ele se negou a delatar companheiros
Segundo Mohsen, que se converteu do islamismo ao cristianismo em sua adolescência, a severa violência sofrida na prisão foi resultado de sua recusa em oferecer à polícia nomes ou informações acerca de outros convertidos e grupos cristãos no país.
Na primavera de 2007, Mohsen havia sido preso e severamente torturado com choques elétricos, supostamente utilizados para batizar mulçumanos convertidos ao cristianismo. Três meses após passar por uma cirurgia na coluna por causa de tais agressões, foi capaz de andar novamente, mas ainda com certa dor e desconforto.
Mohsen Namvar se apresentou ao escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), na cidade de Ancara, para que ele e sua família fossem tidos como cidadãos à procura de asilo político.
Tudo começou com um sonho
“Eu não conhecia Deus até que Jesus apareceu em um sonho para mim”, conta ele, lembrando de sua conversão ao cristianismo há 29 anos. “Mas desde então, eu tenho seguido a Jesus e contado aos outros acerca d’Ele.”
Sob o autoritário governo xiita iraniano, um mulçumano que se converte ao cristianismo, comete apostasia, isto é, é acusado de abandonar a fé, e está sujeito à pena de morte.
Mahmood Matin e Arash Bandari, cristãos iranianos, estão na cadeia desde o dia 15 de maio em Shiraz, onde foram presos por “suspeita” de apostasia.
Sob um projeto de lei ainda em discussão durante este mês no parlamento iraniano, a pena de morte, até então “opcional” para casos desse tipo, pode passar a ser obrigatória.
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