O cristão copta Kamaal Shaker morreu em conseqüência dos ferimentos sofridos quando um grupo de muçulmanos ateou fogo ao edifício de ortodoxos na cidade de el-Udaysaat , disse Youssef Sidhom, editor do semanal egípcio Watani.
Os muçulmanos que ouviram as orações da vigília feita nesse centro comunitário atiraram tochas dentro do edifício às 4h00 da quinta-feira, o jornal Al-Akhbar relatou dia 20 de janeiro. Segundo o jornal, todos os feridos, incluindo os dois seguranças Ahmad Hosni e Yasser Mahmood, foram levados ao Hospital Internacional de Luxor para serem cuidados. Ahmad foi levado à unidade de tratamento intensivo por ter se sufocado.
Fontes locais disseram ao Compass que o centro foi proibido de abrigar cultos religiosos em 1971, quando as autoridades disseram para congregação pedir o registro. Há pouco tempo a comunidade começou a reformar o prédio e planejava inaugurá-lo para ser usado em reuniões de oração.
A vigília de oração estava sendo feita na véspera da Epifania, celebrada 12 dias depois do Natal ortodoxo oriental, dia 7 de janeiro.
Segundo o que uma fonte do Egito disse ao Reuters, a polícia prendeu 10 homens envolvidos no ataque e o dono do prédio.
Sinal de Protesto
O papa ortodoxo copta Shenouda III planeja enviar sete bispos a el-Udaysaat dia 21 de janeiro, para o funeral de Shaker, disse o editor do Watani. "Eles dizem que o funeral será realizado no mesmo lugar onde foi o ataque", ele falou ao Compass.
Realizar o funeral no lugar não-licenciado para ser igreja parece ser um sinal de protesto contra a lei egípcia de 150 anos, a Hamayouni, que governa as construções e a manutenção básica de lugares de culto não-muçulmanos. A legislação cria um tratamento desigual para mesquitas e igrejas, e os coptas reclamam que isso tem sido usado para reprimir a atividade cristã.
O problema de templos não-registrados em el-Udaysaat não é um caso isolado. "A maioria das igrejas no Egito Superior não é licenciada", Youssef comentou com o Compass.
Muitas igrejas, como a São Jorge na província de Sohag, tiveram seus pedidos de registro oficial adiados durante anos pelos funcionários públicos. A congregação copta na vila de Bani Khalid tenta receber o registro desde que as autoridades fecharam seu prédio em 1990.
No mês passado, o presidente egípcio Hosni Mubarak facilitou as regulamentações para construção de igreja, não exigindo mais a aprovação do governo para reparos básicos e dando às autoridades um prazo máximo de 30 dias para responder a pedidos de reconstrução. Mas a aprovação presidencial ainda é necessária para construir uma nova igreja. Muitos coptas não acreditam que esse novo prazo para processar os pedidos será respeitado.
Casas cristãs são atacadas
Ainda no mês passado, os muçulmanos de uma vila no norte de Cairo depredaram casas cristãs depois que um homem muçulmano morreu de problemas no coração por testemunhar uma luta entre seu filho e um cristão. Embora a disputa inicial tenha sido de natureza religiosa, um grupo de muçulmanos na vila de Kafr Salama atacou em retaliação dia 10 de dezembro, depredando sete casas cristãs.
Conforme Domadios, o padre da Igreja Copta Abi Seifeim da vila, a situação foi "resolvida" em uma reunião informal, onde estavam presente o vice- governador da região e o chefe de polícia.
Espera-se que duas famílias cristãs envolvidas na briga inicial deixem a vila e paguem uma multa de 500 mil pesos egípcios (87 dólares).
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