Burundi, na África, está à beira de uma nova e profunda crise. A determinação do presidente para concorrer pela terceira vez nas eleições enfureceu muitos burundianos que tomaram as ruas do país em oposição ao presidente. Instituições locais e internacionais também mostraram preocupação com a situação na qual a eleição será realizada. De acordo com a agência de notícias Voice of America, a Igreja Católica retirou seu apoio às próximas eleições no país.
Ashagrie, analista de perseguição da Portas Abertas, explica o que isso significa para os cristãos: "Os cristãos em Burundi estão sendo observados há um tempo. Em julho do ano passado, o parlamento aprovou uma lei que colocava certas restrições no registo das igrejas. Citando uma pesquisa realizada em 2013, que confirmou a existência de 557 ‘denominações cristãs praticantes’ no país, o Parlamento enfatizou que deve haver algumas exigências a serem cumpridas. Assim, para registrar uma igreja como legítima, foi determinado que é necessário que ela tenha pelo menos 500 membros. Já, para as estrangeiras, a exigência é ainda mais rigorosa - 1.000 membros.
O problema político vigente no país coloca o Corpo de Cristo numa situação delicada. Ao mesmo tempo que é muito importante não apoiar quaisquer candidatos ou partidos políticos, é dever da igreja condenar o mal e a injustiça. É como andar na corda bamba. Além disso, a situação atual dos cristãos em Burundi deve ser vista no contexto das relações entre o governo e a igreja no país vizinho, Ruanda. O suposto envolvimento de alguns dos líderes cristãos em Ruanda durante o genocídio de 1994 deu ao governo uma desculpa para interferir nos assuntos cristãos no país, e a Comunidade Cristã Local em Ruanda ainda está pagando por isso. Assim, é importante que os cristãos de Burundi aprendam com a história da igreja e do governo em Ruanda, e não dê ao governo de Burundi uma desculpa para posteriormente infringir os direitos da igreja local."
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