Já bem conhecido entre os brasileiros, os cultos de igrejas neopentecostais estão se tornando cada dia mais comuns na França. Impulsionadas pela crise econômica, a cada dez dias uma nova igreja evangélica abre as portas no país europeu. A informação é do CNEF (Conselho Nacional dos Evangélicos da França).
Essa é a corrente religiosa que mais se expande no país e a com o maior número de praticantes. O sociólogo das religiões, Sébastien Fath, falou em sua obra “Do gueto à rede – O protestantismo evangélico na França e do recém-lançado Nova França Protestante – Desenvolvimento e crescimento no século XXI” sobre as razões para esse notável crescimento da corrente religiosa. Fath, que é especializado no protestantismo, disse que “a primeira razão é simplesmente a necessidade de esperança”.
Enfatizando o apelo do caráter otimista do discurso evangélico em um país onde o pessimismo é grande, o sociólogo avalia que “o contexto de crise, que atinge a sociedade francesa, tem por consequência um certo número de patologias sociais, como a solidão. O Estado não pode fazer tudo, as prestações sociais e capacidades de intervenção são em geral fragilizadas, pois há menos dinheiro público. A igreja evangélica responde às necessidades que o Estado não se encarrega mais”.
Mesmo defendendo que a o movimento religioso atrai fiéis também nas classes mais favorecidas, o sociólogo admite que a religião vem atraindo proporcionalmente mais jovens e imigrantes, principalmente chineses, coreanos e originários das antigas colônias francesas na África.
Frédéric Rognon, professor de filosofia das religiões na Faculdade de Teologia Protestante de Estrasburgo, também falou sobre o tema: “Essas igrejas se apresentam de uma maneira adaptada às formas de comunicação contemporânea, enquanto as tradicionais utilizam ainda modelos históricos e ultrapassados”. As evangélicas recrutam.”_ afirmou o professor, explicando que metade dos evangélicos franceses tinha outra religião antes de se converterem.
O movimento missionário que está levando essas igrejas ao país europeu, antes conhecido por sua laicidade, é composto de um grande número de pastores brasileiros, que, em palavras Luiza Duarte, do Opera Mundi, estão “cruzando o oceano para conquistar essa nova terra”.
Ao todo, são 2308 igrejas em território francês, que abrigam o ainda discreto número de 600 mil evangélicos. Desde 1950 eles são nove vezes mais numerosos, em um país onde apenas 5% da população se declara praticante de alguma religião.
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