Fazer missão transcultural dentro de seu próprio país. Este é o desafio que o deslocamento de povos coloca à igreja evangélica. O Brasil abriga atualmente 3.889 pessoas que deixaram seus países porque estavam em risco de perseguição, seja por motivos políticos, raciais, religiosos ou de gênero, conforme dados do Comitê Nacional para Refugiados (Conare). Outra estatística, das Nações Unidas, registra que o número de refugiados em todo o mundo cresceu 15% em 2007, com 11,4 milhões de pessoas que deixaram seu país em busca de melhores condições de vida.
O presidente da Conare, Luiz Paulo Barreto, acredita que muitos refugiados no Brasil sofrem preconceito porque a sociedade desconhece a legislação que trata do tema. Com isso, relata Barreto, os refugiados muitas vezes ficam sem emprego ou assistência. Para ele, é preciso que haja “consciência de que refugiados não são criminosos, baderneiros ou pessoas “más” que foram expulsas do seu país”.
Barreto ainda relatou que muitos afirmam que não conseguem emprego pelo fato de terem registrado, na identidade, que são refugiados. Ele lembra que “o título de refugiado é para dar proteção, você não pode expulsar, não pode mandar para um país de fronteira, para o país de origem”. O presidente da Conare explica que muitos empregadores não sabem quem é um refugiado e, por receio, não contratam. “Eles [refugiados] reclamam muito disso, da falta de compreensão”.
Para tentar resolver esse problema, Barreto diz que o Conare, junto com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), está trabalhando num programa de certificação de empresas que contratem refugiados no Brasil. “O importante é que as empresas também percebam que, ao dar emprego a um refugiado, está permitindo que alguém reconstrua a sua vida”, observou.
O relatório das Nações observa que quase metade dos refugiados são afegãos
(cerca de 3 milhões) e iraquianos (2 milhões). Os colombianos formam o
terceiro maior grupo (552 mil refugiados), seguidos dos sudaneses (523
mil) e somalis (457 mil). O Brasil recebe parte destes refugiados, especialmente de países da África e da Colômbia.
Entre os resultados positivos apresentados pelo documento está a redução, em cerca de três milhões, do número de pessoas consideradas apátridas. Segundo o Acnur, essa queda se deve principalmente à nova legislação do Nepal, que garantiu cidadania para aproximadamente 2,6 milhões de pessoas. A pesquisa estima, no entanto, que existam atualmente cerca de 12 milhões de apátridas no mundo.
Refugiados no Brasil
A maior parte dos refugiados no Brasil vem da África: 67,7%. Os países de onde mais vêm refugiados são Angola, com 43,3% (1.686), ainda como conseqüência da guerra civil no país; Colômbia, com 13,5% (528); e a República do Congo, com 7,7% (301).
Para a recepção de refugiados, o Brasil obedece a duas regras jurídicas. A primeira é a Convenção de Genebra, da ONU, de 1951. A segunda é Lei 9.474/1997, conhecida como Lei do Refúgio.
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