Todas as manhãs, a cantora paulistana Soraya Moraes (35) custa a acreditar que foi a estrela brasileira da recente festa do 9o Grammy Latino, em Houston, Texas, onde se apresentavam os maiores ídolos latino-americanos do ano. A intérprete ganhou os prêmios de Melhor Álbum de Música Cristã em Língua Espanhola, por Tengo Sed de Ti; Melhor Álbum em Língua Portuguesa, por Som da Chuva, título também da música que leva o prêmio de Melhor Canção Brasileira, sagrandose a primeira cantora do Brasil a conquistar um gramofone em língua estrangeira. “Me levanto e penso que estou sonhando, mas meu marido me alerta que tudo o que estamos vivendo é real”, reflete, olhos marejados, a mulher do produtor e compositor Marco Moraes (49).
Em 2005, em Los Angeles, Soraya ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Música Cristã em Português (Deixe o teu Rio me Levar). Cada vez que um artista é premiado, seu produtor também recebe o gramofone. Assim, o casal tem hoje oito estatuetas. Som da Chuva, como boa parte das canções gravadas por Soraya, é fruto da parceria entre ela e o marido.
Há 17 anos, quando participou de um festival de música promovido por uma rádio evangélica em São Paulo, a cantora não poderia imaginar que encontraria entre os jurados seu primeiro grande fã, com quem se casaria um ano depois. “Soraya ganhou o festival e eu ganhei a Soraya”, conclui com humor o experiente profissional, que na época deu nota máxima à jovem caloura.
Todos os cantos do apartamento do casal, na região nobre de Alphaville, na Grande São Paulo, transbordam música e esse ambiente inspira o futuro da única herdeira, Rayssa (13), que aprendeu a tocar violão e guitarra e já se apresenta com
– Como foi ganhar por um álbum gravado em espanhol?– Como vocês se sentiram ao final da premiação, quando Soraya se tornou a estrela brasileira da noite, com dois gramofones entregues em Houston e um recebido em São Paulo?
Soraya – Foi um misto de emoção, choro, riso, tudo ao mesmo tempo. A minha filha, que estava no Auditório Tim, na festa brasileira do Grammy Latino, que a Band preparou, ligou para contar que tínhamos vencido na categoria nacional com a música Som da Chuva. Logo depois, fui anunciada pela primeira vez no palco do Toyota Center. Peguei o gramofone, agradeci a Deus e à minha família e, ainda na coxia, ouvi meu nome pela segunda vez. Corri para o palco de novo e fui pegar meu terceiro troféu. No início da carreira, vendíamos refeições para os operários que trabalhavam na construção de Alphaville, a fim de juntar dinheiro para a gravação do primeiro CD. Hoje, Deus me proporciona o orgulho de representar o Brasil nesse evento.
Marco – Gritamos, choramos, nos abraçamos. Foi bonito ver que nosso trabalho estava sendo reconhecido, não só no Brasil, mas entre os melhores da música latina. Já ganhamos um Grammy em 2005, cinco Discos de Ouro e um DVD de Platina. Haja parede!
Rayssa – Quando Xororó e Sandy leram, no Auditório Tim, o nome da minha mãe e do meu pai eu gritei tanto que o Supla, na fileira de trás, me olhou com uma cara estranha (risos). Quando soube do prêmio dos Estados Unidos, chorei muito.
Soraya – Foi inacreditável. Sou a primeira brasileira a receber esse prêmio, com Tengo Sed de Ti. Tenho aulas de espanhol e tive que transformar muito a minha entonação para poder cantar um álbum inteiro no idioma.
Marco – O espanhol é um idioma bastante fácil de se falar, mas é complicado cantar porque é necessário mudar o timbre. Com o resultado do Grammy, vamos investir no público latino que mora nos EUA. Devemos viajar para lá em maio de 2009.
– Com tantos compromissos, como fica sua vida pessoal?
Soraya – Muito corrida. Tenho uma filha adolescente, que precisa dos pais por perto e nossa agenda não colabora. Quando estamos em casa, ficamos juntinhos na sala, assistindo a filmes e jogando videogame. Também vou para a cozinha, faço um macarrão.
Marco – Temos de contar com a ajuda de parentes e amigos, pois chegamos a fazer shows em três Estados num mesmo fim de semana. Só conseguimos descansar às segundas e terças-feiras, quando todos estão trabalhando.
Rayssa – Sinto saudades. Quando eles estão em casa, nós três tocamos e cantamos juntos
– A família vai crescer?
Rayssa – Eu estou sempre pedindo um irmãozinho para eles.
Soraya – Eu queria ter mais filhos, mas temos que ser coerentes com a vida que levamos.
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