Como líder da equipe de colaboradores da Portas Abertas na Região dos Lagos, incluindo o Quênia, qual é a sua visão do ataque ao Westgate?
Este é, de fato, um evento muito triste que condenamos veementemente. Convocamos nossos parceiros ao redor do mundo a orar por esta nação e, particularmente, por todos aqueles que foram afetados por esse ato terrível.
Muitas pessoas conhecem o Quênia como um famoso destino turístico e estão surpresas pelo rumo dos acontecimentos.
Embora estejamos amedrontados pelo ataque, não estamos nem um pouco surpresos com isso. O [grupo terrorista] Al-Shabab sempre ameaçou invadir Nairóbi. No passado, aconteceram outros ataques.
Além disso, temos de levar em consideração que o Quênia é vizinho de países onde conflitos armados alimentaram a proliferação de armas na região. Os terroristas consideram o Quênia um alvo fácil por conta da simplicidade que encontram para contrabandear armas.
O país também abriga alvos primordiais para terroristas, como propriedades e negócios dos Estados Unidos e de Israel.
No seu ponto de vista, o ataque foi mais do que uma mera vingança à intervenção do Quênia à Somália?
Sim, cremos que sim. O ataque deve ser visto a partir de uma análise do contexto político e religioso regional. A campanha da Força de Defesa do Quênia na Somália teve início com o objetivo de proteger a Província do Nordeste do caos que tomava conta da fronteira. A campanha também tinha como objetivo turistas ou agentes humanitários depois de casos de sequestro e morte de turistas.
Em termos de uma agenda geopolítica mais ampla, o Al-Shabab está entre os somalis que acreditam que a Província do Nordeste pertence a eles, e está promovendo uma tática de guerrilha na região. Eles tentam trazer à tona ressentimentos históricos contra o governo queniano. Seu objetivo é que essa área seja separada do Quênia e acrescida ao território da Somália.
Além dos motivos geopolíticos, o Al-Shabab tem também interesses religiosos. O grupo tem promovido uma guerra contra os cristãos e o cristianismo na Somália e no Quênia. Sua agenda está alinhada com a agenda jihadista mundial de transformar a África na “casa do islã”. Semelhantemente, ataques a igrejas em Garissa, Wajir e Mandera têm como objetivo acabar com a presença do cristianismo no nordeste.
Temos dito há algum tempo que a atmosfera religiosa no Quênia está mudando, e para nós o ataque ao Westgate é outro claro indício de uma nova e profunda perseguição que se disfarça de terrorismo e conflito tribal.
Porque o Westgate?
Sheikh Abulaziz Abu Muscab, porta-voz das operações militares do Al-Shabab disse à rede de TV Al-Jazeera: “[Westgate] é um lugar em que turistas do mundo inteiro vêm fazer compras e onde diplomatas se reúnem. É onde as lideranças do Quênia vêm para se encontrar e relaxar. É um lugar em que há lojas judaicas e norte-americanas. Então, temos de atacá-lo”.
O que esse ataque significa em termos de liberdade religiosa no Quênia?
Estamos preocupados com os aspectos religiosos desse conflito. A reivindicação do grupo conta com o apoio de muitos. Infelizmente, discursos como este causam profundas divisões religiosas. Se este aspecto não for cuidadosamente gerenciado pode levar o país a um precipício.
Os cristãos estão cansados das mortes sem sentido. Temos medo de novos confrontos. Precisamos orar pelo país. Orar para que a Igreja se mantenha no amor de Cristo e que não se esqueçam de sua missão de compartilhar esse amor aos muçulmanos.
Como estes eventos influenciam as atividades da Portas Abertas no Quênia?
Nós, da Portas Abertas, continuaremos a socorrer a Igreja com uma resposta bíblica à perseguição. Também vamos continuar a ajudar as igrejas, equipando seus membros na divulgação do evangelho em suas comunidades através de uma abordagem dinâmica e contextual.
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