Cinco homens afegãos, convertidos ao cristianismo, foram mortos em incidentes separados desde junho passado, perto das fronteiras orientais do Afeganistão.
Todos foram esfaqueados ou apanharam até a morte em execuções sumárias, por aderentes do taliban, que os acusaram de abandonar o Islã e então "espalharem o cristianismo" em suas comunidades.
A primeira morte por punhaladas foi noticiada dia 1 de julho pela agência de notícias Reuters, que recebeu um telefonema de um porta-voz do taliban, identificando a si mesmo como Abdul Latif Hakimi.
Ele declarou que o grupo dos combatentes do taliban matara Mullah Assad Ullah no dia anterior na remota região de Awdand, na província de Ghazni - uma conhecida fortaleza do taliban e um lugar tradicional para o aprendizado do Islã.
"Um grupo do taliban atacou Mullah Assad Ullah e cortou sua garganta com uma faca porque ele propagava o cristianismo", Abdul disse a Reuters. "Nós temos evidências suficiente e descrições locais para provar que ele estava envolvido na conversão de muçulmanos ao cristianismo".
Abdul prosseguiu acusando um número de agências de auxílio internacionais de estarem envolvidas em espalhar o cristianismo entre a população muçulmana do Afeganistão de forma irresistível.
"Nós os avisamos de que o mesmo destino de Mullah Assad os espera se continuarem a seduzir pessoas," ele disse a Reuters. Pelo menos 33 trabalhadores estrangeiros de auxílio foram mortos pelo taliban nos últimos 18 meses.
De acordo com fontes locais, Mullah Assad foi agarrado em plena luz do dia enquanto estava no mercado comprando frutas e vegetais para sua família. Seus atacantes, de acordo com o reportado, arrastaram seu corpo morto pela área do mercado gritando avisos de que o mesmo destino aguardava qualquer um que escutasse ensinamentos heréticos.
Ele, que era um ulemá (professor islâmico), obteve pela primeira vez uma cópia do Novo Testamento há cinco anos atrás, enquanto ainda vivia sob o regime do taliban. Ele foi batizado secretamente há mais ou menos dois anos e meio.Em seus 40 anos, Mullah Assad deixou uma viúva e quatro filhas, de 7 a 14 anos.
O assassinato de outro afegão convertido ao cristianismo, o qual foi visitar a família de Mullah Assad, foi confirmado dia 7 de agosto. De acordo com um amigo convertido, o corpo de Naveed ul-Rehman foi descoberto no começo de agosto perto de seu carro, abandonado em Awdand, no mesmo mercado onde o ex-ulemá foi morto.
Nada foi roubado dos bolsos de Naveed ou de seu carro, nem qualquer evidência foi encontrada para revelar a identidades de seus atacantes.
Por volta dos 40 anos de idade, Naveed era um bem-educado afegão que vivia em Cabul desde seu retorno ao Afeganistão. Ele era casado e não tinha filhos.
Durante o mês de julho, outros três afegãos cristãos foram esfaqueados ou apanharam até a morte em incidentes separados em 15, 23 e 28 de julho. Cada um deixou uma esposa e vários filhos.
Os três homens foram acusados por seus atacantes de estudarem a Bíblia, orarem no nome de Jesus ou associarem-se com outros conhecidos cristãos afegãos convertidos ao cristianismo.
No contexto de uma sociedade fechada, estritamente muçulmana , a nova constituição provisória afegã, adotada em dezembro de 2003, não chega a nenhuma garantia de liberdade religiosa para seus cidadãos. O documento declara o Islã como a religião do estado, com todas as leis necessárias para conformarem-se com os princípios da lei islâmica.
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