Aumentaram os choques entre estudantes muçulmanos e cristãos nos últimos nove meses nas instituições educacionais na Nigéria, sendo que o último incidente ocorreu na Universidade Ahmadu Bello, Zaria, no Estado de Kaduna, norte da Nigéria.
Uma estudante cristã foi agredida e gravemente ferida no dia 23 de setembro depois que estudantes muçulmanos a acusaram de blasfêmia contra o profeta Maomé. O ataque deu início a um violento choque entre estudantes cristãos e muçulmanos que resultou em mais feridos, apesar de não ter-se registrado mortes.
O Professor Abdullahi Mahdi, o muçulmano vice-chanceler da Universidade Ahmadu Bello, disse à Portas Abertas que o conflito ocorreu quando duas estudantes, uma muçulmana e uma cristã, se envolveram numa discussão religiosa que degenerou em bate-boca. A aluna estudante saiu então pelo campus anunciando a suposta blasfêmia a outros estudantes muçulmanos, que começaram a agredir os cristãos.
Mahdi chamou a polícia ao campos, que impediu que a violência se alastrasse.
Ficamos contentes que o vice-chanceler tenha chamado nossa atenção para o incidente, disse o comissário de polícia do Estado de Kaduna, Mohammed Yusufu. Reagimos rapidamente. A normalidade foi restabelecida e as atividades acadêmicas estão como de costume.
A violência religiosa ficou conhecida nos campi nigerianos há três décadas. Em 1981, estudantes muçulmanos da Universidade de Ibadan tiraram uma imagem de Jesus Cristo da capela da universidade, o que provocou uma luta entre estudantes muçulmanos e cristãos.
Em 1987, ocorreu um grande choque no Colégio de Educação do Estado de Kaduna, Kafanchan, quando uma estudante muçulmana agrediu um pregador cristão, alegando que ele havia blasfemado contra o profeta Maomé. A crise aumentou, envolvendo cidades maiores do norte da Nigéria. Centenas de cristãos foram mortos e muitas igrejas destruídas.
O Estado de Kaduna tem sofrido mais tensão inter-religiosa nos campi nos últimos anos do que os outros Estados. Ocorreram conflitos na Universidade Ahmadu Bello, no Colégio Federal de Educação, no Colégio Kufena e na Politécnica do Estado de Kaduna, todos na cidade de Zaria. O Colégio do Governo Federal e o Colégio Rainha Amina, na cidade de Kaduna também presenciaram violência entre estudantes muçulmanos e cristãos.
Noutros incidentes, o governo do Estado de Osun, no sudoeste da Nigéria, ordenou a imediata interrupção do culto cristão na capela do Centro Amplo de Saúde, em Iree.
Quando em visita oficial ao local no dia 23 de outubro, Lanre Afolabi, comissário de saúde do Estado de Osun, ordenou o fechamento da capela e interrompeu o culto cristão ali.
O comissário justificou sua ação dizendo que o culto cristão perturba os pacientes.
É errado a comunidade cristã daqui transformar o centro de saúde num local religioso, disse Afolabi aos jornalistas. Hospitais não são locais de culto.
O comissário de saúde disse que qualquer tentativa para reabrir a capela ou realizar culto cristão no centro de saúde será passível de punição.
Finalmente, o governo do Estado de Lagos demoliu dois templos pertencentes à Igreja do Evangelho Quadrangular e dos Ministérios Evangélicos Globais, na capital.
O bispo Lanre Obembe, presidente do capítulo estadual de Lagos da Associação Pentecostal da Nigéria, considerou a demolição das igrejas como uma traição de confiança por parte do governo do Estado de Lagos.
Foi uma surpresa quando descobrimos que mais duas igrejas foram demolidas ontem (26 de outubro) sem a devida consideração ao procedimento normal, disse Obembe a Portas Abertas. O governador havia nos assegurado que poria fim a essa prática depois que protestamos a respeito das demolições no passado.
Fomos pegos de surpresa quando uma equipe de oficiais do governo do Estado de Lagos acompanhados de policiais com cara de bravos, fortemente armados, invadiram nossa igreja e a demoliram, disse o Rev. Adebisi Olaoye, pastor dos Ministérios Evangélicos Globais do distrito de Ikeja. Perdemos uma propriedade no valor de 25 mil dólares.
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