A China condenou na última sexta-feira a 10 anos de prisão um ativista que escreveu artigos em defesa de reformas democráticas e do fim do regime de partido único no país, na mais alta pena sob a acusação de subversão depois dos 11 anos impostos em 2009 a Liu Xiaobo, ganhador do Prêmio Nobel da Paz do ano passado.
A condenação de Liu Xianbin, de 43 anos, é mais um capítulo do amplo movimento de repressão a críticos do governo empreendido pelas autoridades de Pequim, que se intensificou depois que mensagens anônimas na internet convocaram protestos semelhantes aos que derrubaram ditaduras no mundo árabe.
Com uma história de ativismo político que remonta ao movimento pró-democracia de 1989, Liu Xianbin já passou uma década na prisão, em duas ocasiões diferentes. Liu vive na Província de Sichuan, no centro da China, e em 1998 foi um dos fundadores do Partido Democracia da China, declarado ilegal pelo governo. Em 2008, ele foi um dos primeiros signatários da Carta 08, o documento idealizado por Liu Xiaobo em defesa de reformas democráticas.
O ativista foi preso em junho, depois de publicar artigos em veículos fora da China atacando o caráter autoritário do Partido Comunista e defendendo o fim do sistema de partido único. A onda de protestos contra regimes autoritários no mundo árabe e a tentativa anônima e fracassada de replicá-los na China levaram o governo de Pequim a promover a maior onda de repressão a ativistas políticos e críticos do governo de anos recentes.
Desde 20 de fevereiro, data da primeira tentativa de manifestação no país, dezenas de pessoas foram interrogadas ou presas. Pelo menos cinco advogados que atuam na área de direitos humanos foram levados de suas casas pela polícia e continuam desaparecidos, sem apresentação de acusação formal contra eles. Outras oito pessoas foram acusadas de subversão, algumas por ter retransmitido na internet a mensagem anônima que convocava os protestos - que não chegaram a ocorrer.
A polícia ocupou as regiões das principais cidades do país escolhidas para as tentativas de manifestação e os jornalistas estrangeiros que compareceram aos locais para relatar o que ocorria foram convocados para interrogatórios e ameaçados com o cancelamento de seus vistos de trabalho na China. Entidades de defesa dos direitos humanos sustentam que a onda atual de repressão é a mais séria em pelo menos cinco anos e supera a registrada na Olimpíada de 2008.
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