Centenas de cristãos decidiram entregar-se totalmente a Deus, dedicando-se a servir como tradutores da Bíblia. A missão Wycliffe, fundada em 1942, tem esse propósito específico e tenta cumprir a meta de fazer as Escrituras – ao menos parcialmente – disponíveis a todas as cerca de 7.000 línguas do mundo até 2025. No Brasil ela trabalha com o nome de Associação Linguística Evangélica Missionária e pode ser contatada no site http://wycliffe.org.br/
Seus obreiros no Sudão do Sul anunciaram o término da milésima tradução bíblica, com a apresentação recente do Novo Testamento no idioma Keliko. Os especialistas dizem que apenas 10% das línguas faladas no mundo possuem acesso à Bíblia completa. Os demais 90% restantes são traduções de alguns livros ou apenas trechos. O número de pessoas que falam tais línguas totaliza cerca de 1.5 bilhão, calcula a missão.
O diretor de operações da Wycliffe, Russ Hersman, comemorou a marca significativa de mil traduções prontas: “No dia seguinte à dedicação do Novo Testamento em Keliko, houve um culto na igreja no Campo de Refugiados Bidi Bidi, o segundo maior assentamento de refugiados do mundo, com mais de 250 mil moradores”.
Mesmo vivendo em um estado de profunda pobreza, durante o culto o pastor pediu que fosse feita uma oferta e centenas de pessoas contribuíram. “De onde esses refugiados tiraram aquelas notas e moedas para colocar no ofertório é um mistério para nós. Chama a atenção que muitos que não tinham nada para dar… mesmo assim vieram até a frente e colocaram a mão no cesto de ofertas. Era como se estivessem dizendo: ‘Eu me entrego ao Senhor’”, testemunha.
1.600 línguas sem Bíblia
Com trabalhos missionários em todo o mundo, a Wycliffe procura levar adiante seus projetos, apesar da constante falta de obreiros especializados e de verbas. A missão explica que, neste momento, está envolvida na tradução de cerca de 2.500 idiomas. Porém, há pelo menos 1.600 idiomas, que não possuem nada da Bíblia traduzida.
Em grande parte desses projetos, a língua nativa não têm uma forma escrita e os obreiros precisam alfabetizar os moradores das aldeias. Felizmente, a tecnologia vem ajudando a acelerar o processo de tradução, tornando-o mais rápido e eficiente. Conforme lembra Hersman, a organização levou 50 anos para alcançar o marco de 500 traduções – em 2001 – mas apenas 17 anos para completar os próximos 500.
Esta aceleração deve-se em grande parte ao crescimento da Igreja em áreas onde antigamente não havia populações cristãs conhecidas, notadamente no interior da África e a porção sul da Ásia. Hoje em dia é possível contar com lideranças cristãs locais e tradutores nacionais liderando vários projetos. Eles ouviram o Evangelho na língua nacional do país onde nasceram e tomaram para si a responsabilidade de traduzi-la para o idioma nativo de sua etnia, que muitas vezes é ignorada pelos governos.
Segundo a Wycllife, maior grupo linguístico ainda sem nenhuma porção das Escritura está nas ilhas do Pacífico Sul, onde cerca de 1.300 línguas são faladas. A Papua Nova Guiné, por exemplo, tem mais de 800 idiomas.
“O maior desafio é o volume, mas a acessibilidade geográfica e – em alguns casos – a falta de um alfabeto escrito também são obstáculos significativos. Isso é parte do que a abordagem baseada na comunidade deve abordar”, explicou.
A liderança da Wycliffe explica que sempre surgem desafios no trabalho em áreas mais remotas. Além da dificuldade de acesso, por vezes precisam lidar com governos ou outros grupos religiosos que se opõem francamente a seus projetos de tradução da Bíblia. Ele pedem orações dos cristãos de todo o mundo para que haja um despertamento sobre a importância desse trabalho.
Mesmo enfrentado hostilidades e, em alguns casos, risco de morte, o trabalho não para. “Desejamos que todas as pessoas tenham acesso à Palavra de Deus e confiamos na soberania de Deus sobre toda a criação, mesmo diante da perseguição, instabilidade e perigo”, ressalta Hersman.
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