Policiais do departamento de investigação criminal do Uzbequistão invadiram a casa de um pastor protestante no nordeste do país no último fim de semana, interrompendo um almoço que reunia 12 pessoas. O pastor e outro cristão foram acusados de "infringir as leis de ensino da religião".
A batida policial aconteceu em Urgench, uma cidade na região de Khorezm, perto da fronteira com o Turcomenistão, e o alvo foi a casa do pastor Lunkin Sergey, da União de Igrejas Independentes (UIC, sigla em inglês).
A polícia confiscou o computador do pastor e toda a literatura cristã que estava na casa, incluindo 32 exemplares do Novo Testamente legalmente impresso e comprado da Sociedade Bíblica do Uzbequistão. Chursin Vasily, outro membro da UIC presente no local, foi preso e teve confiscados seu laptop e sua câmera digital.
Lunkin e Chursin foram acusados legalmente sob o artigo 241 do Código Administrativo, por "violar as leis de ensino da religião". A corte deve apresentar um veredicto em breve e os réus terão direito à apelação no prazo de 10 dias.
De acordo com um advogado que acompanha o caso, a invasão dos policiais à casa de Lunkin incorreu em 16 violações da lei uzbeque, e todas elas serão relatadas em queixas por escrito aos departamentos competentes.
Três cidadãos turcomanos presentes no almoço foram deportados para o Turcomenistão, e segundo os relatos, receberam carimbos no passaporte proibindo-os de voltar ao Uzbequistão. As leis uzbeques que regulamentam a entrada de pessoas no país permitem que os cidadãos turcomanos cruzem a fronteira por alguns dias, mas suas viagens são restritas à cidade de Urgench, a 50 quilômetros da fronteira.
Prisões no hospital
Em outro incidente, três membros de igrejas protestantes da capital, Tashkent, foram presos, em 21 de abril, quando visitavam e ajudavam a alimentar pacientes de um hospital pediátrico para tratamento de turberculose.
Através da assistência de um advogado da capital, dois dos detidos foram libertados. Um terceiro protestante foi formalmente acusado de violar as leis administrativas contra o ensino de religião.
Nos últimos 12 meses, a polícia uzbeque e as autoridades judiciárias promoveram pressões contra os cristãos protestantes, particularmente os uzbeques étnicos que se converteram ao cristianismo. De acordo com líderes eclesiásticos, mesmo o pequeno número de igrejas registradas está sob pesada vigilância pelas autoridades do regime.
Durante os últimos 15 anos, pelo menos 25 mil uzbeques étnicos se converteram ao cristianismo, se juntando a igrejas já estabelecidas ou formando suas próprias igrejas domésticas.
Apesar da garantia constitucional de liberdade religiosa, o governo uzbeque, na prática, nega o registro para todas as novas congregações religiosas. Desde que instituiu uma lei repressiva sobre a religião, em 1998, o regime mantém um pretexto legal para criminalizar todas as atividades religiosas não-registradas.
Três organizações não-governamentais cristãs foram forçadas a encerrar suas atividades neste ano, e dezenas de cristãos tiveram negado seu pedido de renovação de licença para morar no país e foram obrigados a deixar o Uzbequistão nos últimos cinco meses.
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