Os cristãos evangélicos eritreus informaram que a cantora evangélica Helen Berhane, solta no fim de outubro, depois de mais de dois anos na prisão, por se recusar a negar sua fé, está se recuperando em sua casa em Asmara.
Nenhuma explicação foi dada para a soltura de Helen, apesar de ela ter sido transferida para cuidados hospitalares de emergência por vários dias no início de outubro, um pouco depois de passar por uma nova série de agressões.
"Ela está muito forte espiritualmente e bem animada", declarou um cristão que a visitou no mês passado. Ainda em cadeira de rodas, Berhane encontra-se severamente ferida na sua perna direita, decorrentes das surras e dos machucados infligidos por seus capturadores.
Membro da Comunidade Kidrane Mehrete, Berhane foi presa em 13 de maio de 2004, um pouco depois de lançar um álbum de música cristã que se tornou popular entre os jovens eritreus. Presa no Campo Militar Mai Serwa, ela nunca foi condenada ou colocada em julgamento.
"Ela passou a maior parte de sua detenção em condições desumanas e degradantes dentro de um contêiner de metal que foi usado como uma cela de prisão", escreveu a Anistia Internacional em 3 de novembro, informando de sua libertação (leia mais). "As autoridades a torturaram por muitas vezes para que ela negasse sua fé".
Apesar de Helen ter conhecimento de que o mundo ouviu falar de sua terrível situação e de que os cristãos estavam orando por ela, os cristãos locais presumem que ela recebeu ordens para não falar sobre sua prisão depois de sua soltura.
"É claro que não tivemos nenhum contato com ela, por ser extremamente arriscado para alguém que foi recentemente libertada da prisão", disse o Dr. Martin Hill, pesquisador da região do Chifre da Africa, da Anistia Internacional, para a BBC de Londres, em 4 de novembro.
Contra a Anistia Internacional
Em uma entrevista com a Agence France-Presse no dia anterior, o ministro do exterior eritreu Ali Abdu negou qualquer conhecimento do caso de Helen Berhane.
Na verdade, ele criticou a Anistia Internacional por sua massiva campanha em favor dela, dizendo: "Quem deve contas a eles e quem lhes deu o direito de ser a polícia global?", disse o ministro. "Não estou dizendo que é uma mentira... mas não damos a eles nenhum reconhecimento", completou.
Designado pelo Departamento do Estado dos Estados Unidos como um dos piores violadores da liberdade de religião no mundo, o governo eritreu categoricamente nega as acusações.
Em contínuas pressões desde maio de 2002, a Eritréia baniu todos os grupos religiosos independentes que não forem das crenças muçulmana, luterana, católica ou ortodoxa sancionadas e controladas pelo governo. Sabe-se que sérias restrições contra essas quatro religiões também têm crescido nos últimos 18 meses.
Há conhecimento de que mais de dois mil cidadãos eritreus estão presos somente por causa de sua fé, alguns por vários anos. A maioria deles é sujeita à tortura e à severa pressão para negar sua fé ou permanecer na prisão.
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