15 viúvas cristãs, mães de filhos assassinados ou desaparecidos, encontraram um espaço seguro para compartilhar suas histórias e experimentar a cura interior que fortaleceu seus espíritos e as ajudou a avançar. Esse momento foi proporcionado durante um treinamento especial, fornecido pela Portas Abertas, na Colômbia.
Tal seminário aconteceu em outubro de 2012, no Estado de Arauca, ao leste da Colômbia, uma região onde a Igreja sofre sérias perseguições de grupos armados ilegais, incluindo as mulheres, que são vítimas de violência extrema no conflito armado que aflige o país por meio século.
Por três dias, enquanto bordavam tecidos, as mulheres compartilhavam seus testemunhos. Elas usavam os diferentes pontos de costura para expressar, através da arte, a crueldade a qual foram submetidas quando seus entes queridos lhes foram arrancados do convívio familiar. Os produtos finais eram tapeçarias que retratavam os momentos em que seus familiares morreram ou desapareceram. As mulheres usavam agulhas simples e linhas coloridas para bordar suas histórias e fortalecer as novatas, que chegavam com os mesmos sentimentos de timidez, dor, ressentimento e raiva.
Algumas dessas mulheres participaram juntas de outros treinamentos, formando laços de comunhão e irmandade. Em meio à dor e a tristeza de suas perdas, estas novas relações as têm ajudado a suportar suas dores, a encorajar uma a outra, e experimentar a comunhão entre irmãs, como está descrito nas Escrituras: "E, se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele..." (cf. 1 Coríntios 12.12).
O sofrimento não tem distinções. Nem as diferenças de idade, nem as circunstâncias do assassinato de seus entes queridos importavam. Com lágrimas e vozes quebrantadas, elas reviveram o momento em que a violência roubou seus familiares e amigos. Unidas em um único propósito, enquanto elas compartilhavam suas vivências, as mulheres experimentavam o perdão, a cura e a libertação.
José e Maria
Maria* era a viúva mais jovem presente; sua história também era a mais recente. Ela e seu marido, José*, pastoreavam a Igreja Deus é Amor, em Tame, Arauca. Ao falar sobre sua vida, Maria chorou. Ela contou ao grupo de mulheres que a ouvia como José respondeu ao chamado de uma menina de 14 anos que estava sendo mantida refém em uma fazenda na aldeia vizinha, por um desertor da guerrilha jovem. Quando José e vários outros chegaram à fazenda para falar com o menino rebelde, o rapaz já havia abusado e atirado na menina, que estava inconsciente. O cristão sabia fazer primeiros socorros e quis ajudar a garota, mas, ao vê-lo se aproximar, a guerrilha entrou em pânico e abriu fogo contra ele. José foi gravemente ferido.
O mais doloroso para Maria foi saber que aqueles que tinham ido com seu marido para a fazenda o abandonaram. José morreu afogado em seu próprio sangue.
Maria não soube responder as perguntas constantes de seus filhos pequenos sobre o porquê de seu pai não estar mais com eles. Mesmo assim, ela disse que Deus havia lhe dado força para perseverar. "Agradeço a Deus, que nunca nos abandonou, nem a mim ou meus filhos, e dou-lhe glória, porque seu grande amor e misericórdia têm nos sustentado", declarou ela.
Margarita
Em fevereiro de 2012, dois militantes de um grupo armado ilegal apareceram na casa de Margarita*. Depois de discutir com seu marido Nelson, um deles atirou oito vezes no cristão, diante de seus filhos, de 5 e 6 anos de idade. Os homens ameaçaram matá-la também se ela não se mantivesse em silêncio, uma prática muito comum na Colômbia, utilizada para aterrorizar as vítimas a não procurarem por justiça. Muitos assassinatos ficam impunes porque, diversas vezes, os que têm autoridade para fazer justiça são, eles mesmos, os corruptos.
Teresa
Um guerrilheiro que se tornou paramilitar assassinou o marido de Teresa*. Hoje, ela busca indenizações na Justiça, por causa do assassinato, enquanto seus dois filhos mais velhos moram e estudam no Abrigo Cristão da Portas Abertas, na Colômbia. Teresa disse que através desses treinamentos ela viu Deus fortalecê-la e curar muitos de seus ferimentos. Ela pediu oração e força para enfrentar o processo legal em torno do assassinato de seu marido. Ela encorajou especialmente as mulheres que participaram do treinamento pela primeira vez a perdoarem aqueles que mataram seus entes queridos.
Márcia e Angélica
Quando o marido de Márcia * foi morto, há 10 anos, guerrilheiros de um grupo armado ilegal a raptaram. Depois que ela foi libertada, os pastores que visitaram sua casa para levar consolo e incentivá-la, também compartilharam a Palavra de Deus. Márcia iniciou sua fé em Cristo. Ela trabalhou duro para ajudar seus dois filhos mais velhos se tornarem profissionais. Nesse mesmo período, o Senhor chamou seu filho mais novo para o ministério.
Márcia compartilhou o evangelho com Angélica*, cujo marido foi morto há 11 anos. Angélica também aceitou Jesus em seu coração e Márcia a convidou para o treinamento.
As necessidades de outras vítimas moveram Angélica e Márcia a estabelecerem a Associação de Vítimas da Violência para ajudar pessoas que tiveram familiares desaparecidos ou assassinados. Desde então, a organização tem ajudado a aconselhar cerca de 400 pessoas.
No seminário promovido pela Portas Abertas, as mulheres vivenciaram curas interiores, apoiadas pela leitura da Palavra de Deus. As conversas enfatizaram a importância do perdão e da mudança da condição de vítima para ajudar outros que sofrem com situações semelhantes.
*Os nomes foram alterados para a segurança dos cristãos e cristãs.
Pedidos de Oração
A maioria dessas mulheres enfrenta situações financeiras difíceis e necessidades emocionais e espirituais profundas. Peça a Deus para que Ele estenda sua mão generosa, repleta de misericórdia e lhes dê sabedoria, proteção e provisão, para si e seus filhos. Ore para que elas possam reconstruir suas vidas como mães e empreendedoras e continuem a encontrar conforto para suas almas em Cristo Jesus.
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