Houve vários relatos de acusações contra o líder religioso Ibrahim Sarrouj, que tem gerenciado a Biblioteca Al-Saeh (Viajantes ou Peregrinos) em Trípoli, próxima à fronteira norte do Líbano com a Síria, desde 1972.
O Daily Star do Líbano noticia que uma fatwa (sentença religiosa) foi emitida contra Sarrouj por causa de um artigo supostamente publicado por Sarrouj, em um site dinamarquês em 2010. Entretanto, a AFP relata que um panfleto que foi descoberto dentro de um livro da biblioteca foi considerado blasfemo, e que foi “seguido de uma briga sectária”, a qual culminou no incêndio.
Outros relatos sugerem que o incêndio ocorreu após uma disputa entre o líder religioso e um negociante que desejava comprar a propriedade.
Antes do fogo, Sarrouj encontrou-se com líderes islâmicos em Trípoli, numa tentativa de limpar seu nome e demonstrar que havia sido planejado um protesto após as acusações terem sido retidas, informa a AFP. Contudo, na quinta-feira, um de seus empregados, Bashir Hazzouri, ficou ferido após ser baleado.
Em seguida ao incêndio da biblioteca, um oficial local disse que Sarrouj não tinha feito nada de errado. “Sarrouj não tem nada a ver com o artigo,” disse o chefe local de segurança Imad Ayyoubi, em uma coletiva de imprensa. “O website é da Dinamarca e o artigo foi publicado em 7 de janeiro de 2010. Quem procura incitar conflitos em Trípoli está destinado a prisão, assim como, quem realizou o ataque.”
Robert Fadel, de Trípoli, disse que a polícia sabe quem são os responsáveis pelos ataques e que eles devem ser levados à justiça. “As agências de segurança sabem quem são os perpetradores e devem prendê-los… Não haverá acobertamento político para ninguém,” ele disse.
Entretanto um Xeique Salafista local, Salem al-Rafei, disse que a pessoa responsável por emitir a fatwa contra Sarrouj deveria ser punida, mas não os próprios autores. “Eu chamei a polícia para processar aqueles que incitaram, ordenaram e expediram a fatwa em favor do ataque, em vez dos fervorosos rapazes que executaram o ataque,” disse ele.
Dezenas de pessoas se juntaram para reparar a biblioteca durante o final de semana, com o apoio financeiro de um fundo levantado para reconstruir a biblioteca “melhor do que era”. Cerca de dois terços da biblioteca, 80.000 livros, foram danificados.
A AFP relatou que as equipes de defesa civil foram reforçadas para apagar o fogo, mas que “há receio que mais livros tenham sido danificados pela água usada para apagar as chamas”.
Fontes locais disseram ao World Watch Monitor que a biblioteca era muito popular. Um homem, que desejou permanecer anônimo, disse: “Sarrouj tem dirigido essa adorável biblioteca por décadas. Ele é uma pessoa que ama livros”.
Outro morador, Nivine Afiouni, disse ao L’Orient Le Jour que a biblioteca tem sido usada por muitos estudantes da universidade local. “Sarrouj é amigo e conhecido de longa data,” disse Afiouni. “Ele sempre defendeu a unidade de Trípoli. Ele tem ajudado muitos estudantes da Universidade Libanesa fazendo doações de livros. Ele é um humanista”.
Sarrouj disse ao Daily Star que perdoava as agressões e que a “grande vitória” foi o apoio que ele recebeu tanto de cristãos quanto de mulçumanos, e a harmonia que isso nutriu. Ele também disse que ele não estava interessado em processar os agressores. “Isto é para as forças de segurança,” disse ele. “O governo deve levá-los à justiça, não eu. Eu estou aqui somente para amá-los. Estou aqui para carregá-los em meus ombros”.
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