A experiência espiritual das pessoas pode ser explicada pela falta de atividade em uma das regiões do cérebro responsáveis pela afirmação da identidade individual. É o que aponta um estudo realizado pelo neurocientista americano Brick Johnstone, da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, e divulgado na edição de novembro do jornal científico “Zygon”.
A área em questão –o lóbulo parietal direito– é onde as pessoas definem quem são elas. É a região, por exemplo, onde o cérebro processa as preferências e gostos pessoais, reconhecem as habilidades e os interesses amorosos da pessoa.
O estudo sugere que são justamente as pessoas que têm essa região menos ativa, com menos “definidores próprios”, as mais suscetíveis a levar vidas espiritualizadas.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores testaram pacientes com essas áreas afetadas e compararam com estudos anteriores que mostram as especialidades de cada região do cérebro.
Eles notaram que, entre as 26 pessoas analisadas, as mais espirituais apresentavam um lóbulo parietal direito menos funcional. Este estado físico indicaria menos foco pessoal e menos autoconhecimento.
Abnegação
A descoberta sugere que uma das principais características da experiência espiritual é a abnegação, um comportamento antiegoísta, diz Johnstone.
Quanto à idéia disseminada por vários outros estudos que ligam a espiritualidade à saúde mental e física, Johnstone aponta um paradoxo. Ele afirma que esses benefícios podem ser provenientes de uma preocupação maior da pessoa com o outro do que em si mesma. Isso seria uma conseqüência natural da diminuição na atividade de autodefinição da pessoa.
O estudo ainda aponta que o maior silenciamento dos “definidores próprios” são mais comuns nos estados mais profundos de meditação ou oração. Johnstone diz que é quando as pessoas descrevem sentimentos de desligamento de todo o Universo.
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