A intolerância sectária e religiosa está crescendo no Paquistão, assim como o número de queixas dos povos minoritários que são forçados a se converter ao islamismo e retirados à força de suas casas, segundo relatou um grupo de direitos humanos em 5 de setembro.
A organização independente Comissão de Direitos Humanos do Paquistão disse que a divisão com base em crença religiosa apenas dá uma face perigosa à sociedade. A maioria dos 160 milhões de paquistaneses é muçulmana, mas há pequenas comunidades cristãs, hindus e sikhs.
"A intolerância sectária e religiosa está aumentando. Os cidadãos não muçulmanos estão enfrentando numerosos ataques", declarou Iqbal Haider, secretário geral da organização.
"Também tem havido mais e mais queixas relativas à conversão forçada de garotas hindus e cristãs e, em junho, cerca de 100 membros da seita minoritária dos ahmadis foram obrigados a deixar sua aldeia perto de Daska, no distrito de Sialkot", afirmou ele.
Os ahmadis foram declarados uma seita banida no Paquistão em 1974, porque eles acreditam que seu fundador, que viveu no século 19, era um profeta.
Em outro exemplo de intolerância, na cidade de Karachi, no sul do país, um templo hindu foi usurpado e passou a ser usado para o abate de vacas, contou Iqbal Haider. Os hindus consideram as vacas como animais sagrados.
"Essa perigosa divisão de uma sociedade baseada sobre o fundamento da crença e o apoio oficial dado à discriminação torna perigosas as relações sociais", disse o ativista. Ele não especificou que apoio oficial seria esse.
"Talibanização"
Autoridades do governo não comentaram imediatamente o assunto, mas afirmaram anteriormente que as minorias religiosas desfrutam de plenos direitos na sociedade e que o governo adota medidas apropriadas para lidar com qualquer excesso contra eles.
O grupo de direitos humanos também expressou sua preocupação com o que descreve como aumento da "talibanização" na fronteira noroeste, onde seguidores do regime radical afegão têm tentado impor sua visão sobre a sociedade.
O grupo disse que ataques a escolas de garotas, lojas de vídeo e barbearias aumentaram.
"A situação é alarmante", afirmou Iqbal Haider.
O grupo também mencionou que uma tendência preocupante é o desaparecimento de dezenas de pessoas apanhadas pelas agências de segurança ao redor do país.
"Nossa organização tem recebido reclamações de todas as partes do país e estamos recolhendo os detalhes. O governo deve localizar essas pessoas", disse Iqbal Haider.
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