TURQUIA – Os advogados de defesa dos alegados assassinos da chacina em Malatya tentaram transformar a audiência do início do mês em uma investigação sobre as atividades missionárias cristã. A defesa também procurou estabelecer uma linha de questionamento ligada a uma teoria mirabolante de conspiração fundamentada nas afirmações dos assassinos de que o escritório da editora Zirve estava secretamente ligada ao grupo terrorista, ilegal, Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK).
Mas o testemunho de primeira mão de uma testemunha de acusação, afirmando que conhecia pessoalmente os instigadores dessa conspiração mortal, predominou na audiência de sexta-feira (4 de julho) em que os advogados do querelante concluíram que essa declaração faz com que dêem “um passo adiante” para solucionar o caso.
Procurando aumentar os sentimentos contra os cristãos na Turquia, país onde 99% da população é muçulmana, os advogados dos assassinos bombardearam quatro das seis testemunhas que testificaram na audiência com perguntas em que sondavam a crença religiosa delas e o envolvimento em atividades cristãs.
“Não se importe com os assassinatos, mas conte-nos sobre o trabalho missionário!” alardeou a manchete, cheia de sarcasmo, da primeira página do jornal “Taraf” na manhã seguinte ao julgamento.
Essa foi a oitava audiência sobre o caso, em que cinco assassinos pegos na cena do crime e dois cúmplices estão sendo julgados pelo assassinato dos cristãos turcos Necati Aydin, Ugur Yuksel e Tilmann Geske, cristão alemão, no escritório de uma editora no sudeste da Turquia.
Embora o juiz que presidia a audiência tenha aceitado a maioria das objeções do querelante em relação às perguntas irrelevantes dos advogados de defesa dos criminosos, a audiência, que se estendeu por todo o dia, foi marcada por disputas com gritos acalorados e recorrentes, trocados pelos defensores e acusadores na sala do tribunal.
Exame das evidências irrelevantes
“Foi delegada a você alguma autoridade para que espalhe o cristianismo?”, um advogado de defesa perguntou a Ozan Cobanoglu, a primeira testemunha a depor.
Ozan Cobanoglu, estudante no oeste da Turquia, inocentemente pôs Emre Gunaydin, um dos alegados assassinos, em contato, por e-mail, com Necati Aydin, pastor turco protestante.
Os advogados, indignados, imediatamente fizeram objeção a essa pergunta da defesa.
“Essa questão não deve ser rejeitada, porque ela viola a restrição constitucional contra forçar alguém a declarar abertamente suas crenças”, afirmou o advogado Ali Koc.
Momentos depois, a defesa fez a seguinte pergunta a Ozan Cobanoglu: “Por que Necati Aydin foi escolhido para liderar a igreja de Malatya? Quem o escolheu? Qual era a relevância de todas as mensagens de e-mails que ele recebia, parabenizando-o por sua nova posição em Zirve?”
Essas perguntas não tinham relevância para o caso, conforme declarou o advogado Erdal Dogan.
Respeito
“Por favor, demonstre um pouco de respeito”, disse aos advogados de defesa. “Esse caso é sobre o assassinato brutal de três pessoas, e não uma inquirição sobre a fé cristã e suas práticas! Não seja ridículo!”
Mas os advogados de defesa continuaram a fazer perguntas que o advogado do querelante considerou “absurdas”, pois diziam respeito às atividades cristãs relacionadas ao escritório da editora Zirve.
Ao questionar Emin Mig, contador de Adana que estava trabalhando no escritório da editora naquela manhã, um pouco antes do ataque, os defensores exigiram que ele fornecesse detalhes sobre as atividades e a receita da companhia registrada por Tilmann Geske, o alemão morto nesse ataque.
“A testemunha não está aqui para testificar a razão pela qual era o contador da Companhia da Estrada da Seda”, reclamaram os advogados do querelante. “Ele foi chamado para dar informações sobre o fato de que estivera na cena do crime naquele dia!”
Gokhan Talas , cristão turco, e a esposa, residentes em Malatya quando os assassinatos ocorreram, também testificaram como testemunhas oculares, pois chegaram ao escritório da editora Zirve enquanto o crime era cometido.
O casal tentou, sem sucesso, abrir a porta do escritório que ficou trancada durante o ataque e, a seguir, conversaram brevemente por celular com a vítima Yuksel, e este os avisou para que saíssem do escritório.
Depois que Talas deu seu relato sobre o que acontecera, um advogado de defesa perguntou-lhe: “Em que regiões e para quais grupos da sociedade as atividades missionárias deles eram realizadas?”
Quando o juiz aceitou a impugnação dessa pergunta, exigida pelos advogados do querelante, o advogado de defesa, prontamente, prosseguiu seu exame com esta pergunta: “Então, quais vilarejos eles ajudaram com a construção de projetos para disseminar sua fé?”
Mais uma vez o juiz ordenou que a defesa retirasse a pergunta.
Conspirações “terroristas”
Mais tarde, Talas respondeu, de forma contundente, outra pergunta da defesa a respeito das atividades das vítimas de disseminar a fé cristã, se essas atividades estavam associadas com o PKK, terroristas separatistas que tentam formar um Estado curdo no sudeste da Turquia.
“Nenhum cristão tem qualquer vínculo com o PKK”, afirmou Talas. “O sangue dos cristãos, até a última gota, está ligado a esta nação.”
Emre Gunaydin e seu colaborador afirmaram nos interrogatórios na delegacia de polícia e nas declarações no tribunal que foram informados que os cristãos da editora Zirve eram, secretamente, aliados do PKK.
Em um dado momento, o advogado de defesa, Mehmet Katar, mostrou uma página contendo a “descrição das tarefas”, retirada dos arquivos do computador da editora Zirve, insinuando que as expectativas de discipulado que os funcionários foram instruídos a seguir com os novos cristãos representavam, de fato, diretrizes de treinamento para as atividades do PKK.
“Não há nem uma prova concreta disso!”, ridicularizou o advogado do querelante. “Onde eles querem chegar com estas perguntas?”, perguntou ao tribunal. “Até onde eles querem chegar com isso? Eles querem chegar à montanha de Kandil [o local onde o PKK se esconde, próximo à fronteira do Irã-Iraque]?”
Os advogados do querelante chegaram até a contestar uma pergunta sobre atividades missionárias feita por Eray Gurtekin, o juiz que presidia a sessão.
Ao interrompê-lo, eles lembraram o juiz que a Suprema Corte da Turquia determinara claramente que as atividades missionárias eram totalmente legais de acordo com a lei turca. Infelizmente, disseram os querelantes, a recusa contínua da Corte de Malatya de remover do caso os 16 arquivos de informação interna da editora Zirve apenas servia para encorajar a defesa a seguir essa linha de perguntas irrelevantes.
As outras duas testemunhas que apareceram nas sessões da tarde da audiência relataram que tinham laços estreitos com o principal suspeito, Emre Gunaydin, que continua negando seu envolvimento.
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