Em um terrível ataque contra uma pequena comunidade de cristãos na Turquia, cinco jovens muçulmanos turcos cortaram a garganta de três cristãos protestantes. O crime aconteceu em uma livraria cristã, no sudeste da província de Malatya, no dia 18 de abril.
Duas das vítimas, Necati Aydin, pastor de 36 anos, e Ugur Yuksel, de 32 anos, eram muçulmanos turcos que se converteram ao cristianismo. O terceiro homem,Tilmann Geske, de 46 anos, era cidadão alemão.
A imprensa local noticiou que quatro dos cinco agressores, todos com idades entre 19 e 20 anos, admitiram durante o início do interrogatório que foram motivados por "sentimentos nacionalistas religiosos".
"Nós fizemos isso pelo nosso país", afirmaram os cinco em um comunicado enviado ao canal de TV "D". "Eles estavam atacando nossa religião", alegaram.
De acordo com o jornal "Hurriyet", um dos suspeitos declarou durante o interrogatório feito pela polícia: "Nós não fizemos isso por nós mesmos. Fizemos pela nossa religião. Talvez seja uma lição aos inimigos da religião".
Ameaça antiga
Há dois anos, numa demonstração de força contra o mesmo escritório da Editora Zirve, em Malatya, moradores locais protestaram na frente da loja alegando que a atividade de publicação e distribuição de livros cristãos constituía "proselitismo" contra muçulmanos e por isso a livraria e editora deveria ser fechada. A lei turca, contudo, garante o evangelismo religioso desde que não possua motivações políticas.
Os corpos dos três cristãos mortos na livraria foram encontrados com as mãos e pés atados por volta de 13h30. A garganta deles foi cortada e os corpos possuíam diversas marcas de tortura.
Necati Aydin e Tilmann Geske já estavam mortos quando a polícia chegou ao local, após receber uma ligação relatando a ocorrência de "um distúrbio" no terceiro andar do escritório da Editora Zirve.
Ugur Yuksel ainda respirava e foi levado às pressas ao hospital mais próximo, onde recebeu transfusões de sangue, mas não resistiu e morreu.
Quando a polícia chegou ao local, um dos assassinos chamava a atenção de terceiros nas ruas por estar com a perna quebrada e apresentar diversas escoriações pelo corpo. Os outros quatro suspeitos tentaram fugir do edifício. Com eles foram encontradas facas ensangüentadas.
Durante o interrogatório, os quatro assassinos confessos disseram que o ataque havia sido planejado pelo quinto agressor, que está internado e seu estado de saúde é grave.
Hoje o governador Malatya, Halil Ibrahim Dasoz, anunciou que outros cinco suspeitos de participação no ataque foram presos. O governo tem pressa em denunciar os assassinos e finalizar a investigação. Enquanto isso a polícia tenta encontrar uma ligação entre turcos do Hizbollah e muçulmanos curdos que fazem parte do movimento pelo Estado Islâmico, no sudeste do país.
De acordo com o gerente geral da Editora Zirve, Hamza Ozant, a equipe da filial de Malatya havia recebido ameaças de morte nos últimos meses. Os três homens trabalhavam no escritório e faziam parte de uma congregação formada por 30 membros da igreja protestante de Kurtulus, dirigida pelo pastor Necati Aydin.
Viúva perdoa assassinos
Necati Aydin deixa a mulher Semse, um filho e uma filha, ambos em idade pré-escolar. Tilmann Geske deixa a mulher Susanne, um filho e duas filhas com idades entre 8 e 13 anos. Ugur Yuksel era noivo e iria se casar em poucos meses.
Susanne Geske, em entrevista ao canal de TV da Turquia "ATV", disse que não abriga nenhum sentimento de vingança e que perdoou os assassinos do marido: "Senhor, perdoe-os porque não sabem o que fazem".
Ela contou que está em Malataya há dez anos e que não pretende deixar a região. Susanne espera que os assassinatos sirvam de sinal para que muçulmanos e cristãos construam uma relação cordial. Muitos turcos muçulmanos estão chocados com o incidente e estão de luto, em sinal de repúdio à violência.
Funerais
A perícia entregou o corpo de Ugur Yuksel para a família na noite do dia 18 de abril e o funeral aconteceu na manhã do dia 19, em Elazig, sua vila natal. O funeral do pastor Necati Aydin foi marcado para a tarde de sábado, dia 21, na igreja anglicana em Izmir, sua cidade natal.
Em uma iniciativa corajosa, o pastor Ihsan Ozbek, presidente da Aliança Protestante de Igrejas na Turquia, deu uma entrevista coletiva ao vivo ao canal de TV CNN, retransmitida para diversos países do mundo, denunciando a intolerância religiosa.
O representante das igrejas oficiais do país, Orhan Kemal Cengiz, o pastor de Istambul Bedri Peker e o pastor Ihsan Ozbek distribuíram um comunicado à imprensa turca com o título "Brutalidade terrível, mas não surpreendente".
"Ontem a Turquia foi atingida por uma opressão como na Idade Média", declarou Ihsan Ozbek.
Ele comparou as teorias conspiratórias sobre nações e fobias missionárias como uma caça às bruxas da Idade Média. "Nós sabemos que eles não serão os últimos mártires, mas desejamos de todo o nosso coração que sejam os últimos", disse.
Os primeiros mártires convertidos
O ataque da semana passada foi o primeiro relato de martírio a ex-muçulmanos convertidos ao cristianismo na Turquia desde a proclamação da República Turca, em 1923.
Este foi, entretanto, o terceiro incidente dos últimos 15 meses tendo como alvo os cristãos na Turquia, o que despertou a atenção e a cobertura da mídia internacional. No ano passado um padre católico foi morto a tiros na igreja de Trazbon, região portuária do mar Negro. Ele orava ajoelhado quando foi atingido por tiros.
Em janeiro um jornalista turco de grande expressão, descendente de cristãos armênios, Hrant Dink, foi assassinado em Istambul.
Ao longo dos últimos três anos, altos oficiais do governo foram acusados de propagar a hostilidade contra não-muçulmanos por meio de críticas a atividades missionárias. Promotores públicos e autoridades policiais freqüentemente relutam em combater incidentes de vandalismo e ameaças contra igrejas ou cristãos em particular.
O último ataque alvejando cristãos turcos ocorreu em Gaziantep, em 1997, quando um grupo extremista islâmico explodiu uma bomba em uma banca de livros cristãos em uma feira, matando uma criança e ferindo muitas pessoas que passavam pelo local. Os autores do ataque foram presos e condenados a penas severas.
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