Um tribunal no Estado de Gujarat determinou a sentença de prisão perpétua - que sob a lei indiana dura no máximo de 14 anos - para o homem que matou seu motorista católico por este ter pedido um adiantamento do pagamento para a comemoração do Natal.
O juiz M.P. Gamara do Tribunal de Ahmedabad, numa sessão em 19 de outubro, anunciou a sentença de Pravinbhai Madhavlal Patel, diretor da Companhia de Transportes Patel, somada a uma fiança de 1,000 rúpias (22 dólares) por ter matado Robinson Joseph Swami, em 2004.
Na véspera de Natal daquele ano, Robinson pediu a Patel 500 rúpias (11 dólares) a quantia que ele devia receber, mais um adiantamento de 700 rúpias (16 dólares) para as festas de Natal, relatou Samsom Christian, secretário adjunto do Conselho Cristão Global da Índia (AICC, sigla em inglês).
"Inacreditavelmente, Patel ficou tão furioso que disse a Robinson: 'Hoje você será morto'", contou Samsom Christian. "Patel pegou uma quantidade de gasolina num contêiner, jogou em Robinson e acendeu um fósforo. Repentinamente Robinson estava em chamas e começou a gritar por socorro."
Alguns funcionários de um escritório próximo ao local ouviram os gritos de Robinson e o levaram ao Hospital L.G, em Ahmedabad.
Ameaças no hospital
Acusações de assassinato foram registradas na delegacia de polícia de Vatva no mesmo dia (24 de dezembro), sob a seção 307 da Código Penal indiano, mas a polícia não prendeu Patel.
Um amigo do acusado, Amitbhai Joshi, visitou o hospital três vezes e ameaçou Robinson dizendo que se ele não retirasse as acusações receberia a medicação errada e seria morto.
Cerca de um mês depois - em 23 de janeiro de 2005 - Robinson escreveu uma carta de reclamação, assinou-a e mandou para a delegacia de Vatva, mas o acusado permaneceu solto.
Em 1º de fevereiro de 2005, Robinson escreveu ao delegado da polícia de Ahmedabad, mas foi em vão. No dia 13 de fevereiro Robinson morreu em decorrência das queimaduras.
No dia 21 de fevereiro, a AICC escreveu uma carta ao delegado de Ahmedabad e a outras autoridades. Patel foi finalmente preso em 16 de março, e o caso foi remetido ao tribunal de Ahmedabad.
"O conselheiro governamental, Yogesh Desai, apresentou 22 provas documentadas ao tribunal, mais o relato de 15 testemunhas, declarações do falecido Robinson e uma testemunha presente no momento do ataque de Patel, que foi sentenciado a prisão perpétua e ao pagamento de uma multa", disse Samsom Christian. "A AICC condena fortemente este incidente e pede o afastamento do partido Bharatiya Janata (BJP) do governo de Guajarat por sua ineficácia em proteger as minorias religiosas."
Espera-se que Patel recorra da sentença.
O Estado de Guajarat, que tem sido administrado pelo BJP por muitos anos, é conhecido pela violência antimuçulmana e anticristã.
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