Na noite do último sábado, o pai de santo Rafael da Silva Medeiros, de 28 anos, foi morto a facadas ao tentar separar uma briga entre vizinhas no bairro Cidade Nova, Zona Norte de Manaus (AM). O crime foi discutido na manhã dessa segunda feira na sede do Governo do Amazonas, e tem sido considerado como fruto de intolerância religiosa.
Segundo informações do portal UOL, Rafael tentava apartar uma briga entre duas vizinhas que mantinham um desentendimento devido a escolhas religiosas, quando acabou atingido com dois golpes de faca no pescoço e nas costas deferidos por um homem identificado como “Raizinho”, que seria filho de uma das vizinhas. Ele chegou a ser levado ao Hospital e Pronto Socorro Platão Araújo, mas não resistiu aos ferimentos.
– Há mais de duas semanas essa situação estava bastante tensa. A mãe do assassino fez muitas confusões com a vizinhança. Ela é evangélica e a dona da casa onde aconteceu o assassinato é do candomblé. Ele (‘Raizinho’) estava alcoolizado e drogado, e se meteu na discussão da mãe com a vizinha. E deu nisso – afirmou Alberto Jorge, da Articulação Amazônica dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Aratrama).
O representante da Aratrama afirmou que os membros da entidade se reuniram no domingo (4) e decidiram cobrar uma atitude do poder público sobre o assassinato de Rafael.
– Entramos em contato com o Evandro Melo (secretário de Governo do Amazonas) e denunciamos essa situação de inoperância do Estado, de total falta de interesse e falta de resposta. É uma situação de guerra religiosa, reflexo do que acontece em todo o Brasil – afirmou Alberto Jorge.
– Esse seria apenas um caso se não fosse somado aos três outros incidentes de 2012 e aos dois assassinatos de 2013. Isso foi só o grosso que pegamos – completou, afirmando que houve ainda um caso de ameaça de morte por intolerância religiosa em 2011, outro de ameaça e um de agressão física em 2013 e um caso de ameaça já em 2014.
Alberto disse ainda que houve omissão do poder público no caso, afirmando que a polícia não prestou o socorro necessário ao rapaz.
– Ele (Rafael) pediu socorro da polícia e esse socorro não chegou. É omissão do aparelho policial. O Estado tem se feito de inocente. A gente pede ajuda e não tem resposta – relatou, afirmando que há omissão do Estado brasileiro sobre crimes de intolerância religiosa, e que o poder público estaria com os olhos voltados para os evangélicos, por serem um número maior de eleitores.
– O povo de matriz africana vem sofrendo e não tomam providências por conveniências políticas. Quem hoje é curral eleitoral? Os evangélicos. O Estado se diz laico, mas no fundo é teocrático – completa.
O assassinato está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e Sequestros (DEHS), que ainda não localizou e nem tem o nome completo de “Raizinho”.
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