Em meio a um processo de falência devido a inúmeros processos, a Arquidiocese de Milwaukee, no Estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, divulgou um relatório sobre os casos de pedofilia praticados por 42 padres que lideravam paróquias sob sua liderança.
Na época em que os escândalos vieram à tona, a Arquidiocese era dirigida pelo cardeal Timothy Dolan, atual arcebispo de Nova York, e um dos cotados para substituir o papa Bento XVI no último conclave.
Atualmente dirigida pelo arcebispo Jerome Listecki, a Arquidiocese revelou informações sobre os casos dos sacerdotes que abusaram de crianças e adolescentes. A juíza federal de falências Susan V. Kelley, que acompanha a investigação, afirmou que “há algumas coisas terríveis descritas em muitos dos documentos”.
Kelley disse que os relatos dos dez adolescentes que foram abusados pelo padre Franklin Becker durante os anos 1960 são chocantes. “Toda vez que eu tenho que ler esses arquivos, eu fico completamente arrasada”, declarou a juíza.
Jeffrey Anderson, advogado da maioria das 575 vítimas que pedem reparações por danos, afirmou que a iniciativa de tornar públicos os documentos sobre os abusos representa um passo vitorioso, pois a única maneira de proteger as crianças de hoje “é ter uma revelação completa do que aconteceu no passado”.
Charles Linneman, que foi uma das vítimas do padre Becker quando tinha 14 anos, disse que a divulgação dos relatos não traz vergonha ou qualquer outro tipo de dor: “Liberar esses documentos não vai nos machucar. O dano já foi feito. Nós não podemos sofrer mais do que nós já sofremos”.
Nos documentos, segundo informações do Yahoo!, há detalhes das ações de bastidores da Arquidiocese de Milwaukee, que transferia os padres sem aviso prévio, como forma de encobrir os casos de pedofilia.
Foi revelado ainda que na época em que era arcebispo de Milwukee, o cardeal Timothy Dolan pediu e recebeu autorização do Vaticano para transferir US$ 57 milhões da Arquidiocese para um fundo de cemitérios, com a intenção de garantir “melhor proteção” do dinheiro.
Na carta escrita em 2007, a ideia de Dolan era que a transferência “garantiria uma melhor proteção dos bens de toda reclamação e responsabilidade legal”, e assim, os valores não seriam comprometidos com o pagamento de indenizações das ações judiciais movidas pelas vítimas de abusos.
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