ARGÉLIA – Um cristão argelino foi detido por cinco dias, multado em 300 euros (R$ 770) e condenado a um ano de prisão sob liberdade assistida por carregar uma Bíblia e livros pessoais religiosos no mês passado.
No dia 29 de abril, um tribunal em Djilfa sentenciou um ex-muçulmano de 33 anos, convertido ao cristianismo, por “imprimir, armazenar e distribuir material religioso ilegal”. A acusação de impressão foi feita porque foi encontrado com ele uma impressora de computador.
Desde fevereiro de 2006 uma lei restringe a adoração de não-muçulmanos. Em 2007, após uma nova atualização, a lei passou a proibir qualquer tentativa de “abalar a fé de um muçulmano”.
Na manhã de 25 de abril, o ex-muçulmano de 33 anos, convertido há oito anos ao cristianismo, foi parado em uma blitz policial na estrada de Djilfa. Ele estava num táxi. Funcionários levaram o convertido sob custódia ao encontrarem com ele uma Bíblia e vários livros de estudo religiosos.
Um cristão de Tiaret contou ao Compass que a polícia de Djilfa parecia ter conhecimento prévio das conexões cristãs do protestante. Oficiais se recusaram a deixar o convertido chamar os amigos para avisar da detenção dele.
“Nós chamaremos sua família para você”, disseram os policiais. De acordo com um advogado de direitos humanos argelino, a polícia violou os direitos do convertido ao recusar-lhe um telefonema.”Qualquer pessoa detida tem o direito de ligar para avisar a família”, disse o advogado que pediu anonimato.
Um líder da Igreja Protestante da Argélia, uma associação que reúne várias congregações evangélicas, disse que os cristãos permaneceram desavisados da detenção do cristão durante vários dias.
Tentativas de reconversão
A fonte cristã em Tiaret disse que policiais de Djilfa agrediram verbalmente o convertido por causa da fé dele durante a detenção de cinco dias na delegacia de polícia da cidade. “Eles não bateram nele, mas tentaram convertê-lo de volta ao islã”, ele disse.
Um protestante que pediu anonimato por motivos de segurança contou que colegas cristãos na cidade de Tiaret também foram pressionados pela polícia a voltarem ao islã enquanto estão sob custódia.
De acordo com as leis argelinas, a polícia pode deter um suspeito por até 48 horas antes de trazer um promotor estatal para acusá-lo, contou um advogado de direitos humanos.
Depois de cinco dias na delegacia de polícia de Djilfa, o cristão foi encaminhado a um promotor estatal e ao juiz de Djilfa. De acordo com o convertido, o juiz o condenou pela “impressão, armazenamento e distribuição de literatura religiosa ilegal”. Entretanto, as demais acusações não ficaram claras, uma vez que a denúncia e o veredicto por escrito não foram emitidos.
Antes de libertá-lo, o juiz falou ao convertido que dele seria exigido o pagamento de uma multa de 300 euros (R$ 770) e uma sentença de um ano em liberdade assistida.
De acordo com um cristão de Tiaret, o convertido recebeu a acusação de “impressão” de material religioso porque ele estava viajando com uma impressora de computador. O convertido ainda tem que receber uma cópia escrita do veredicto, entretanto fontes no país disseram que é comum na Argélia que os veredictos sejam enviados pelo correio.
Ameaça aos cristãos
O veredicto constituiu uma ameaça contínua aos cristãos locais.”Um policial poderia fazer falsas acusações contra uma pessoa, dizer que ela deu uma Bíblia, e ela seria lançada na prisão”, disse um cristão que pediu anonimato.
Cristãos em Tiaret informaram que dois policiais disfarçados e alegando estarem interessados no cristianismo detiveram cristãos, em ocasiões separadas, por lhes darem Bíblias de presente.
Em 2 de abril, outro convertido foi multado em 100 mil dinares ( R$ 3000). Em 9 de abril pelo menos cinco cristãos de Tiaret foram detidos por manterem atividades cristãs.
Segundo relatórios não confirmados, a polícia de Tiaret deteve seis mais cristãos na semana passada. Cristãos fazem parte de uma minoria minúscula da população de Argélia, de 33 milhões de habitantes.
Polícia e funcionários provincianos têm ordenado o fechamento de metade das 50 congregações protestantes do país desde o início do ano.
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