Após pouco mais de três anos preso no Irã, o pastor Saeed Abedini foi libertado pelas autoridades do país após uma intensa negociação com os Estados Unidos.
O diálogo pela soltura de Abedini foi conduzido de maneira paralela e condicionada à entrada em vigor do Acordo Nuclear entre o Irã e países que são potenciais nucleares, como Estados Unidos e Rússia, por exemplo.
Além de Abedini, o Irã libertou outros cidadãos norte-americanos: o jornalista Jason Rezaian, do jornal Washington Post, acusado de espionagem e preso no país desde 2014; o fuzileiro naval, Ameer Hekmati; e Nosratollah Khosravi, de profissão não revelada, de acordo com informações da agência Reuters.
Abedini era mantido em cárcere acusado de espionagem internacional e apostasia do islamismo, e havia sido condenado a oito anos de prisão. Durante o tempo em que foi mantido preso, sofreu espancamentos e teve problemas de saúde.
De acordo com relatos de sua esposa, Naghmeh, e do Centro Americano de Lei e Justiça (ACLJ, na sigla em inglês), as autoridades iranianas negaram atendimento médico adequado ao pastor por diversas vezes.
As negociaçõesEm janeiro de 2015, o presidente Barack Obama recebeu a esposa do pastor na cidade de Boise, em Idaho, e ouviu um pedido de maior esforço para a libertação de seu marido. Obama respondeu afirmando que a diplomacia do país estava se concentrando na libertação de Abedini.
Em fevereiro, após ser informado sobre a conversa entre Obama e sua esposa, Abedini escreveu uma carta ao presidente agradecendo-o por ter visitado sua esposa e filhos e se comprometer em ampliar os esforços para libertá-lo. “Pessoalmente me senti encorajado quando você esteve em minha cidade, Boise, em Idaho, e que tirou um tempo para visitar a minha esposa e filhos. Eles têm levado um fardo muito pesado em minha ausência. E sua presença os ajudou a aliviar pouco desse fardo […] Obrigado novamente por defender a minha família, a mim e a milhares de cristãos em todo o mundo que são perseguidos por sua fé em Jesus Cristo. Presidente Obama, você tem as minhas orações de dentro destas paredes. Eu oro para que Deus lhe guie, dê sabedoria e o abençoe, assim como a sua liderança nesta grande nação”, afirmou o pastor na carta.
Dias depois, Obama comentou o caso de Abedini durante o Café da Manhã de Oração Anual, em Washington, tradicional evento que o chefe da nação se reúne com líderes religiosos, e se disse encorajado por ele a continuar lutando.
“No ano passado, nós oramos juntos pelo pastor Saeed Abedini, detido no Irã desde 2012. E eu estive recentemente em Boise, Idaho, e tive a oportunidade de se reunir com a linda esposa do pastor Abedini e seus filhos maravilhosos para transmitir-lhes que o nosso país não se esqueceu do irmão Saeed e que estamos fazendo tudo que podemos para trazê-lo para casa […] Eu recebi uma carta extraordinária do pastor Abedini. E nela, ele descreveu seu cativeiro e expressou sua gratidão pela minha visita à sua família e agradeceu a todos nós por estar em solidariedade com ele durante seu cativeiro. O pastor Abedini escreveu: ‘Nada é mais valioso para o corpo de Cristo do que ver como o Senhor está no controle e se move à frente de países e das lideranças através da oração unida’. E ele fechou a carta, descrevendo-se como ‘prisioneiro de Cristo, orgulhoso de fazer parte desta grande nação, os Estados Unidos da América, e preocupado com a liberdade religiosa em todo o mundo”, afirmou o presidente.
No entanto, as negociações pela liberdade de Abedini pouco avançaram nos meses seguintes, o que levou Naghmeh a especular e o Acordo Nuclear multinacional com o Irã havia prejudicado as chances de que seu marido voltasse para casa antes de cumprir a pena imposta.
“Eu sou uma das famílias com que Obama se encontrou em janeiro deste ano, e vi sinceridade e preocupação quando nos encontramos. Ele se voltou aos meus dois filhos e disse que iria tentar fazer de tudo para trazer Saeed e outros americanos […] Acho que o acordo nuclear tornou mais difícil. Nunca pedi para Saeed ser parte do negócio, mas eu esperava que, nos bastidores, sua libertação fosse garantida pela influência que ainda temos com o governo do Irã”, disse Naghmeh em julho do ano passado.
Durante o tempo em que foi mantido preso, o pastor foi provocado diversas vezes a negar sua fé em Jesus Cristo, em troca de facilitações ou até a anulação da sentença, mas mesmo doente e sofrendo torturas físicas e psicológicas, Saeed Abedini se recusava a aceitar as propostas.
“Ele foi torturado, especialmente nos primeiros meses, ele foi espancado, quando hemorragia interna começou. Ele se recusa a negar sua fé cristã… eles estão colocando-o dentro e fora da solitária para quebrá-lo [psicologicamente]. Eu não estou preocupada apenas sobre sua dor física, mas o seu psicológico. Eles querem, quando eles liberarem Saeed, libertar uma pessoa muito doente. O tempo é a essência”, comentou a esposa do pastor à época.
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