Não é fácil compreender a situação atual na Colômbia, devido a vários fatores em interação que costuram o pano de fundo do mais longo conflito interno em andamento no continente.
Com origens nos anos 50 e 60, a violência cresceu a partir de confrontos entre os partidos Liberal e Conservador e entre as classes altas e baixas, conduzindo ao surgimento de grupos de guerrilha como o Exército de Libertação Nacional (ELN, 1965), as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC, 1966), o Movimento 19 de Abril (M-19, 1968) e o Exército Popular de Libertação (EPL, 1977). Além desses, nasceram grupos paramilitares e cartéis de narcotraficantes nos anos 70 e 80.
Quase cinqüenta anos de violência se passaram, caracterizados por ciclos de confrontos violentos, diálogos, tratados de paz e, então, novos confrontos. Incontáveis fórmulas para uma solução definitiva foram testadas: pactos entre os partidos tradicionais para a alternância no poder, ofertas de anistia e reinserção na sociedade, audiências do poder público com grupos subversivos, e até mesmo a nova Constituição de 1991.
Nenhum dos atores políticos quer ceder qualquer parte de sua posição e privilégios. As guerrilhas reivindicam mudança radical na estrutura econômica, social e política do Estado. As FARC fazem isso através de negociações com o governo, e a ELN através de um convenção nacional, envolvendo civis. Mas enquanto isso, esses grupos mantêm suas práticas de seqüestro, extorsão e tráfico de drogas.
Por outro lado, o governo e certas corporações empresariais defendem a estrutura do Estado do jeito como está, apesar das múltiplas desigualdades sociais e econômicas que ela impôs sobre a nação.
As chamadas forças de autodefesa, ou paramilitares, justificam sua existência como exterminadores de guerrilheiros e criminosos comuns. A eles pouco importa se violam ou não as leis - ou o mais essencial direito à vida - daqueles que suspeitam ser malfeitores. Como as forças guerrilheiras, os paramilitares financiam seus esforços de guerra com dinheiro de extorsão e tráfico de entorpecentes.
Resultado: cada milícia reforçou a própria posição, baseada na convicção de que vai acabar derrotando seus inimigos pelas armas ou pelo menos vai forçá-los a sentar na mesa de negociação enfraquecidos.
Dois acontecimentos recentes acentuaram a percepção de que esse conflito só pode ser resolvido por uma deposição geral de armas. Primeiro foi o sentimento de pessimismo, resultante do rompimento das negociações com as FARC (em fevereiro de 2001), e a subseqüente escalada de violência. Depois veio a inclusão das FARC e do ELN na lista americana de organizações terroristas, acompanhada de recomendação contrária dos EUA a qualquer negociação com tais grupos. Críticos dessa recomendação argumentam que uma ruptura do diálogo vai se mostrar fatal para o país; na verdade, acabaria detonando um conflito armado tão intenso que o custo em vidas humanas e perdas econômicas seria grande demais. Eles estimam que o confronto duraria cinco anos ou mais, produziria milhares de mortes, aumentaria o número de refugiados para dez milhões e deixaria o país em profunda crise econômica.
Seja qual for a posição que se adote para a solução do conflito, é preciso levar em consideração que o maior fator sustentando a violência é a tensão social gerada por concentração da riqueza em pouquíssimas mãos, alto índice de pobreza e corrupção endêmica que, de acordo com dados compilados pela comissão de orçamento, consome cinco bilhões de pesos anualmente. Ao mesmo tempo o Estado vem perdendo credibilidade por causa de sua ausência em vastas porções do território nacional, combinada ao fracasso em prover serviços públicos básicos para seus cidadãos. A inércia governamental para lidar com a impunidade - 99% dos crimes violentos seguem sem condenação judicial - produziram frustração entre os civis e contribuíram para a promoção das milícias. O crime comum e uma cultura de morte que atormentam a sociedade civil contabilizam quatro em cada cinco mortes violentas na Colômbia.
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