Um ataque brutal contra um editor na Ucrânia salientou as lutas que colocam em jogo os direitos humanos e a liberdade religiosa na antiga república Soviética, preparando para um reinício de uma disputada eleição presidencial.Em 2 de dezembro, dois homens não-identificados agrediram Stanislav Kasprov, diretor da editora Smirna, no lado de fora das dependências dos escritórios da empresa em Cherkassy, uma cidade a 182 km ao sul de Kiev. Eles açoitaram Kasprov com uma raquete, deixando-o ensangüentado e quase inconsciente.
Até o momento, os agressores de Kasprov permanecem em liberdade e seus motivos são desconhecidos. Entretanto, as evidências sugerem que os ex-funcionários da recente extinta KGB possam ter cometido o ataque.
Kasprov afirmou que, naquela noite de quinta-feira, ele estava se preparando para a ir ao vilarejo de Verguni a fim de realizar um culto semanal em uma igreja que ele pastoreia.
"Ao me aproximar da porta, eu ouvi alguém me chamando, 'Stanislav, você pode me dar sua atenção por um momento?' Havia dois homens próximos ao portão da rua".
Kasprov não pôde enxergar claramente no anoitecer, mas um deles lhe perguntou se ele iria ao culto em Verguni."Sim", Kasprov respondeu."Eu tenho uma pergunta breve para você", o homem disse.
Quando Kasprov se aproximou para ouvir a pergunta do jovem, um estranho, repentinamente, bateu no seu olho esquerdo com o que parecia ser uma soqueira de metal. Kasprov cambaleou e o segundo atacante atingiu-o na parte de trás da cabeça com uma raquete.
"Eu perdi consciência e caí", Kasprov recordou. "Quando eu recobrei meus sentidos, eles estavam me chutando. Eu ouvi claramente uma voz que disse, 'Vá depressa para o escritório e comece a gritar!'".
"Eu comecei a gritar e rastejar em direção ao escritório. Quando eu já tinha rastejado aproximadamente um metro, eles fugiram. Eu parei de gritar e consegui ficar de pé".
Os colegas de trabalho da editora Smirna chegaram nesse momento e chamaram uma ambulância para levar o homem ferido para um hospital próximo. Kasprov necessitou de cinco suturas para fechar o ferimento no seu olho.
Segundo informações obtidas, ele ainda está sob cuidados médicos, e passou todo o fim de semana no hospital recebendo tratamento. Seus amigos afirmam que Kasprov continua a ter muita dor em decorrência de seus ferimentos.
Kasprov que tem 42 anos é editor e casado com sete filhos, de sete a quinze anos. Ele dirige Smirna há sete anos a qual, anualmente, publica vinte novos livros cristãos.
Sendo uma associação de negócios suíços, a editora Smirna publicou mais de meio milhão de livros na Ucrânia nos últimos cinco anos. A procura por literatura cristã cresceu juntamente com o rápido crescimento do cristianismo evangélico no país.
É improvável que as atividades de publicação de Kasprov atraísse a atenção dos elementos anticristãos na Ucrânia, um país de 48 milhões de pessoas.
"Stanislav não é uma pessoa tímida", um amigo da Europa Ocidental contou."Sempre que ele é convidado para falar, claramente diz aos cristãos que são eles que decidem que tipo de regime obterão, se a Ucrânia irá pela democracia ou por algum tipo de autocracia, como a maioria dos estados da Ásia Central".
Desde as eleições presidenciais, em 21 de novembro, os ucranianos têm realizado manifestações em massa para protestar a vitória declarada por Viktor Yanukovich, o sucessor selecionado a dedo para o expansivo presidente Leonid Kuchma.
Indícios de que o regime encarregado recorreu à fraude para roubar as eleições do candidato em prol do Ocidente, Viktor Yushchenko, e teme que o governo de Yanukovich recuaria para a reforma democrática, que inflamou a resistência popular contra Yanukovich.
"Uma grande parte do que está em jogo é o futuro do cristianismo nesta parte do mundo", afirmou o presidente Internacional de HOPE, Paul Marty, que vive na Ucrânia.
Em declarações relatadas pela Rede de Notícias sobre Missões, Marty disse que o governo de Yanukovich, provavelmente, imporia severas restrições para organizações cristãs protestantes que operam no país.
"Se a eleição for em direção do candidato a favor da Rússia, então, muito das políticas do país o acompanharão. E ele declarou publicamente que a única igreja que ele reconheceria seria a Igreja Ortodoxa Russa e não toleraria as outras denominações".
Kasprov é apenas um dos muitos pastores cristãos e líderes da igreja que apoiaram a mudança democrática na Ucrânia. Durante as últimas três semanas, um grande número de evangélicos viajaram para Kiev a fim de estarem orando juntos, por horas, na mesma praça pública onde centenas de manifestantes protestaram o resultado da apuração de votos.
"Quase todas as igrejas, com algumas exceções, apoiaram o candidato presidencial a favor do Ocidente Victor Juschenko", afirmou a associação de negócios de Kasprov. "Ele parece muito mais apoiar a idéia de liberdade religiosa como um importante item para qualquer país".
Segundo fontes na Ucrânia, a oposição pública de Kasprov aos políticos de estilo soviético, provavelmente provocou o ataque da semana passada. Eles acreditam que o apoio implícito para o ataque surgiu dos funcionários de segurança do governo.
Um funcionário de Smirna revelou que no início de novembro, dois jovens foram à editora e solicitaram um encontro com Kasprov, que, naquele dia, estava em Kiev. Os dois jovens retornaram em 23 de novembro com a mesma solicitação, mas o editor estava, novamente, ausente. "Baseado nestas informações, eu acredito que isto foi premeditado", disse Kasprov.
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