Um agente de ajuda humanitária britânico morreu com ferimentos de bala no peito e no pescoço na semana passada, depois que seu jipe caiu numa emboscada armada por pistoleiros no Sudão, na região próxima à fronteira com Uganda.
Vinte militantes atacaram Collin Lee, sua esposa Hedwig Unrau Lee e seu motorista sudanês, Karaba Juma, no sábado, 5 de novembro, enquanto eles viajavam de Uganda para a cidade de Yei, no sul do Sudão.
Juma tentou dar marcha à ré com o jipe na tentativa de evitar a barricada que os pistoleiros haviam construído, contou a Compass Mary Githiomi, ligada ao International Aid Services (IAS - Serviço de Socorro Internacional), de Nairobi. Mas Juma foi forçado a parar o veículo quando os militantes abriram fogo, ferindo Lee e atingindo o motorista no braço.
Apesar das ameaças dos pistoleiros de que seria queimada viva dentro do jipe, Hedwig Lee se recusou a deixar o marido sangrando, o qual estava preso no banco do passageiro. Convencendo os militantes a pouparem a vida de seu esposo, ela o puxou do banco do passageiro antes que o veículo pegasse fogo.
Depois que os pistoleiros fugiram para o mato, a mulher de 35 anos ajudou seu marido a fazer uma caminhada longa e difícil para a vila de Morobo, contou Mary Githiomi. O casal foi, então, levado ao Hospital de Yei onde Lee morreu naquela mesma noite, seis horas após o incidente, devido aos seus ferimentos.
"Collin era um homem segundo o próprio coração de Deus", contou a Compass Elias Kamau, seu amigo e colega de trabalho no IAS. "Ele sentia que tinha sido chamado por Deus e tinha um real senso de urgência para realizar aquele objetivo. Sua morte é um choque para nós, como organização."
Collin Lee, 57, trabalhou com o IAS por pelo menos dois anos e, juntamente com sua esposa, ele trabalhou com aconselhamento para as vítimas de traumas decorrentes da guerra na Somália, Sudão, Etiópia e Uganda.
"Nós suspeitamos que esse é um trabalho do LRA (Lord's Resistence Army - Exército de Resistência do Senhor), mas não podemos confirmar isso", falou Mary Githiomi ao Compass.
O porta-voz do exército, capitão Paddy Ankunda, confirmou à agência France Presse que o exército da Uganda apontou o LRA como responsável pelo ataque. Ele disse que os rebeldes atiraram nos trabalhadores do IAS depois de perceberem que estavam sendo perseguidos pelas tropas do Sudão e de Uganda do Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLM, sigla em inglês).
O Sudão concordou em cooperar com Uganda para comandarem juntos as operações contra o LRA, que se origina em Uganda, mas tem bases no sudeste sudanês.
Ministério de cura
O trabalho do casal Lee foi especialmente estratégico no norte da Uganda, onde os ataques do LRA durante as duas décadas passadas deslocaram mais de 1,5 milhões de pessoas. Praticamente toda a população rural abandonou suas casas para buscar refúgio nas grandes cidades.
As crianças são as mais afetadas: 25.000 foram seqüestradas pelo LRA para ser usadas como soldados, carregadores e escravos sexuais.
Cerca de 50.000 adolescentes e crianças, conhecidos como "viajantes noturnos", evitam os seqüestros caminhando cerca de 16 quilômetros todos os dias, a fim de dormirem na segurança das grandes cidades.
Hoje um grupo de 50 agências de ajuda humanitária internacionais exige que o Conselho de Segurança das Nações Unidas proteja a população da Uganda dos ataques rebeldes, que reclamam a vida de 1.000 pessoas por semana, noticiou o BBC.
Baseado numa carta do LRA, obtida pelo escritório do British Foreign (Britânico no Exterior) e que havia sido distribuída para os nativos do nordeste de Uganda, o escritório contou a Reuters que o LRA pode agora reagir tomando como alvo os estrangeiros. Segundo a Reuters, especialistas acreditam que os rebeldes podem estar reagindo a International Criminal Court (ICC - Corte de Crimes Internacionais). Em 14 de outubro, o ICC anunciou que tinha expedido seus primeiros mandados de prisão para a liderança do LRA, incluindo Joseph Kony, que alega receber instruções de Deus.
Durante as duas semanas passadas, o LRA matou mais quatro agentes de ajuda humanitária estrangeiros e feriu outros quatro em ataques separados, o que levou várias agências de assistência internacional a considerar uma redução de suas atividades na região.
No dia 8, um grupo rebelde também matou um turista britânico e seqüestrou um neozelandês e um habitante de Uganda que foram libertados mais tarde, informou o BBC.
Hedwig Lee, uma paraguaia de formação alemã, tem trabalhado dentro e fora do IAS desde 2000. Ela colocou seu marido em contato com a organização antes de eles se casarem na terra natal dele, Bermuda, no ano passado.
De acordo com Mary Githiomi, do IAS, Hedwing Lee, que está grávida de seis meses, tem sido "muito forte" nesses dias, desde a morte de seu marido. Ela está se recuperando em Kampala. A viúva planeja retornar a Bermuda, para onde o corpo de seu marido foi enviado para o funeral.
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